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Bolsonaro amplia ataque a Moraes e diz que espera 'norte do povo' para agir

Do UOL, em São Paulo

17/08/2021 10h06Atualizada em 17/08/2021 14h19

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reafirmou hoje que pedirá ao Senado Federal que abra um processo de impeachment contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Em entrevista à Rádio Capital Notícia (MT), ele foi mais enfático nas críticas a Moraes, afirmando que ele tem feito "barbaridades", e disse que o "povo que tem que dar o norte" do que deve ser feito.

Bolsonaro falou em "ouvir o povo" ao se referir às manifestações que estão sendo organizadas para o dia 7 de setembro e tem como bandeira inicial o voto impresso. O chefe do Executivo, porém, disse que o ato será em "defesa da democracia, da liberdade e contra a intransigência de alguns ministros na seara de outro poder", ignorando que a população brasileira não é formada apenas por seus apoiadores e que é incerto o apoio popular a algumas de suas propostas.

Na entrevista, o presidente disse que "ninguém quer ruptura" e citou possíveis consequências, como a imposição de barreiras comerciais de outros países. Apesar de repetir que age "dentro das quatro linhas da Constituição", fez um questionamento sobre qual seria o limite, sem deixar claro se poderia avançar.

"Continuamos dentro das quatro linhas [da Constituição], do lado de lá já saíram das quatro linhas, em alguns momentos já saíram. A gente espera que voltem para normalidade, porque ninguém quer uma ruptura. Uma ruptura tem problemas internos e externos. O mundo pode levantar barreiras comerciais com a gente, causar um caos aqui dentro. E eu tenho que agir dentro das 4 linhas, apesar de alguns como Alexandre de Moraes e [Luis Felipe] Salomão do TSE estarem fora das 4 linhas", disse.

"Agora, onde é o limite disso? Sou leal ao povo brasileiro, que vai estar na rua dia 7 de setembro. Tenho evento em Brasília. Não falei se vou participar ou não no evento de Brasília ou de São Paulo, sou presidente e posso participar. O povo é que tem que nos dar o norte do que devemos fazer", completou.

Além de Alexandre de Moraes, Bolsonaro direcionou suas críticas ao corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luis Felipe Salomão, que determinou que as plataformas YouTube, Twitch.TV, Twitter, Instagram e Facebook suspendam o repasse de dinheiro oriundo de monetização a perfis e canais investigados por disseminar desinformação sobre as eleições no Brasil.

"Não pode um ministro, no caso do Alexandre Moraes, ele mesmo abre um inquérito, investiga, julga e prende, não tem nem a participação do Ministério Público. Ele abriu um inquérito de fake news sobre minha pessoa, sem ouvir o MP, vai fazer diligência, busca e apreensão na minha casa? Vai me sancionar nas redes sociais por um acaso? Será que vai chegar a esse ponto?", questionou.

"Ele está fazendo barbaridade juntamente com o ministro do TSE, Salomão, que numa canetada mandou desmonetizar certas páginas de pessoas que tem criticado a falta de mais transparência por ocasião do voto", disse.

"Não vou fazer como o Barroso"

Ao dizer que pedirá ao Senado o impeachment de dois ministros do STF, Bolsonaro voltou a criticar Barroso, dizendo sem provas que o presidente do TSE interferiu na Câmara para barrar o projeto de voto impresso. Ele disse que não fará o mesmo com senadores.

"Essa semana tem novidade dentro das quatro linhas da Constituição, vou entrar com pedido de impedimento no Senado. Está com o Senado agora, não vou tentar cooptar senadores, oferecendo coisas para votarem. Não vou fazer como o Barroso, que foi na comissão da Câmara", disse.

Bolsonaro também disse que faz críticas direcionadas a alguns ministros e não ataca o STF como um todo. "Nunca ninguém me viu atacando 11 ministros do STF, quem fala isso está mentindo porque não tem como provar. Critico pontualmente como alguns senadores, deputados, ministros, como sou criticado também. Faz parte da vida democrática. Isso está na boca do povo, não estou dizendo", afirmou.

O presidente ainda se referiu à carta dos governadores divulgada ontem em apoio ao STF. "Governadores apoiando o Supremo, sem problema, mas quem está atacando o Supremo? Onde que o STF não está fazendo sua parte e indo além de sua parte? Queremos equilíbrio, nenhum de nós é maior. O que estou fazendo é dentro da lei", disse.

Para Bolsonaro, a "voz do povo" tem que dar o norte" para os políticos" e ministros e autoridades não podem se tornar "dono do mundo, dono da verdade". Ele ainda citou Kassio Nunes Marques, indicado por ele para o Supremo, para reforçar que não ataca o STF com entidade.

"Quando falo do ministro Barroso e Alexandre, estou falando de dois dos 11 ministros do STF. Quem diz que ataca os 11 não esta falando a verdade porque um ministro foi indicado por mim e não mudou a linha do que eu sabia e conhecia do passado", disse.