Não há ambiente para golpe de Estado, diz ex-ministro da Defesa
Ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública do governo de Michel Temer, Raul Jungmann foi categórico ao dizer que não há risco de ruptura democrática nas eleições de 2022. Para ele, as Forças Armadas "não estão disponíveis para nenhuma aventura ou golpe".
Jungmann ressalva que em 1964, por outro lado, havia apoio de diversos setores da sociedade, da imprensa, da Igreja e do empresariado, além de uma situação internacional que favorecia um golpe de Estado.
"Hoje, não há ambiente para um golpe de Estado. Não tem nenhuma força política a favor disso, muito pelo contrário. Seria um raio em céu azul", disse, em entrevista à revista Veja.
O responsável pelo comando da Defesa entre 2016 e 2019 é a favor da aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que limita a atuação de militares da ativa no Executivo. Jungmann diz se preocupar com a presença de coronéis e generais em cargos importantes, e para os quais não foram preparados. Para ele, as posições legitimamente ocupadas seriam de órgãos como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o Ministério da Defesa e cargos em áreas nuclear e espacial.
Apesar de não crer que militares embarcariam em um golpe com Bolsonaro, ele não descarta um cenário de ameaçadora instabilidade para o ano que vem. Entre os problemas, avalia Jungmann, está o fato de o presidente propor "jogar brasileiros contra brasileiros" e defender o armamento da população.
"No limite, isso tem o nome de guerra civil. Vamos ter problemas em 2022, não sei em qual nível. Quando o presidente diz que não teremos eleições se não forem eleições limpas, ele prepara o terreno para que vivamos o que os Estados Unidos passaram na invasão do Capitólio, só que de maneira ampliada", avalia.
O pleito do próximo ano passou a ser ameaçado com mentiras sobre o sistema eleitoral brasileiro e suposta falta de segurança das urnas eletrônicas. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), lidera o discurso e tem investido contra ministros, principalmente Luís Roberto Barroso, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Diferente do que políticos bolsonaristas e apoiadores do presidente têm repetido, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção das urnas eletrônicas.
Jungmann também viu com preocupação o desfile de blindados da Marinha no último dia 10 de agosto em Brasília. Segundo ele, essa é uma ação aceitável apenas em datas comemorativas nacionais. Em outros contextos, "é ameaça real ou simbólica" e "inaceitável".
"Simbolicamente, dá sequência à série de atos de constrangimento do presidente da República aos demais poderes. Em termos de balanço, o desfile revelou-se uma ópera-bufa. O efeito foi extremamente negativo e, ainda, ocorreu a derrota do voto impresso", avaliou.
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