EUA vão treinar militares brasileiros a lidar com extremistas como o Talibã
A participação de militares americanos em um grande exercício no Brasil terá a missão de treinar os soldados brasileiros para trabalhar em missões contra forças paramilitares — como o grupo afegão Talibã — em missões de paz designadas pela ONU (Organização das Nações Unidas). Ontem, dois aviões vindos dos Estados Unidos aterrissaram em Mato Grosso do Sul trazendo 50 soldados e dois helicópteros para os treinamentos militares.
Este será o quarto ano do Exercício Conjunto Tápio 2021, um treinamento militar brasileiro que em 2021 contará com a participação inédita de soldados americanos.
Além dos dois helicópteros modelo Sikorsky HH-60 Pave Hawk que os Estados Unidos utilizarão no Brasil até o fim do mês, participarão do treinamento outras 30 aeronaves da FAB e 16 unidades de infantaria que saíram das diversas bases do Brasil em direção a Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, onde os treinamentos acontecem de 16 de agosto a 3 de setembro.
Dentre suas aeronaves, a FAB disponibilizará aviações de caça, transporte, reconhecimento e asas rotativas [helicóptero]. Fazem parte os caças A-1 AMX e A-29 Super Tucano, os helicópteros H-36 Caracal e H-60L Black Hawk; além das aeronaves C-98 Caravan, C-130 Hércules, C-105 E-99 e R-99.
O que os militares vão treinar?
A FAB informa que os exercícios simularão uma guerra. Não se trata, no entanto, de conflitos entre nações. O exercício militar servirá para que a ONU disponha de efetivo brasileiro treinado para quando precisar de auxílio em missões de paz.
Os soldados vão levar ajuda humanitária a regiões em crise, como no passado, no Haiti, mas também treinarão ações de garantia de ordem e paz, soberania e integridade territorial do país ocupado.
Segundo a Força Aérea, os soldados enfrentarão um cenário de uma guerra "não convencional, no qual o combate é contra forças insurgentes ou paramilitares e não entre dois estados constituídos". Esse é o caso do Talibã, que recentemente tomou o poder no Afeganistão assim que os Estados Unidos deixaram o país depois de uma ocupação que durou 20 anos.
A FAB não entra em detalhes sobre os treinamentos. Eles citam missões de ataque, infiltração aérea, busca e salvamento em combate e reconhecimento aeroespacial.
Responsável por comandar o treinamento, o brigadeiro do ar Clauco Fernando Vieira Rossetto afirmou recentemente que o exercício servirá "para a capacitação dos militares e da instituição".
Mostramos a capacidade de operar de maneira integrada, coordenada e harmônica, e que essa característica é necessária para que, em uma situação de conflito, as Forças tenham o domínio dos seus ambientes de interesse e impeçam que o inimigo faça o mesmo."
Clauco Fernando Vieira Rossetto
Esta será a primeira participação dos Estados Unidos na operação. Entre janeiro e fevereiro, militares de uma Companhia Paraquedista e o Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro foram aos Estados Unidos para participar da Operação Culminating — no estado de Louisiana —, outro treinamento aéreo simulando combate.
Na ocasião, o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhou o início dos trabalhos em solo americano.
"A nossa história começa na 2ª Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira ombreou com os americanos, nos campos da Itália, contra o nazifascismo", disse. "Em seguida, uma equipe de paraquedistas pioneiros veio para a 82ª Divisão Aerotransportada colher os ensinamentos da tropa aeroterrestre e iniciou a atividade do paraquedismo militar no Brasil."
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