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Sem desfile militar, atos políticos dominam agenda do 7 de Setembro

Bolsonaro fará discursos em atos a favor de seu governo - Foto: Reuters (19/04/2020)
Bolsonaro fará discursos em atos a favor de seu governo Imagem: Foto: Reuters (19/04/2020)

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

06/09/2021 04h00

A agenda do feriado de 7 de Setembro será predominantemente política, com atos a favor e contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido), e a ausência do tradicional desfile militar promovido pelo Exército, pela Marinha e e pela Aeronáutica em várias cidades do país.

Este será o segundo ano consecutivo no qual ocorre o cancelamento do evento. O motivo: a pandemia da covid-19.

A única solenidade oficial para comemorar o aniversário da Independência será o hasteamento da bandeira nacional, no Palácio da Alvorada, em Brasília, com a presença do presidente Bolsonaro e outras autoridades. Não há previsão de discurso durante a cerimônia, marcada para começar às 8h de amanhã. Também haverá apresentação da Esquadrilha da Fumaça e outras atividades.

Após o hasteamento, Bolsonaro pretende se dirigir à Esplanada dos Ministérios, onde ocorrerá uma manifestação de apoiadores. Posteriormente, a ideia do presidente é viajar para São Paulo e participar de um segundo ato a favor de seu governo, previsto para ocorrer na Avenida Paulista.

"E pretendo, sim, participar do evento na Paulista, onde devo chegar por volta das 15h30. Aí sim um pronunciamento mais demorado. Falar com a população e também demonstrar para o mundo o quanto o governo está preocupado com o seu futuro. É um movimento popular, devemos entender como normal. Quem não quiser apoiar, é direito dele. Agora ser contra um movimento popular, não dá para apoiar isso aí", afirmou o presidente em entrevista à Rádio Jornal Pernambuco, em 26 de agosto.

Governos locais temem que o clima político conturbado e o acirramento de divergências institucionais entre Bolsonaro e adversários (principalmente o Congresso e o STF) possam incentivar atos de violência. Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios terá um perímetro de isolamento a fim de garantir que nada seja feito contra as sedes dos três Poderes.

De acordo com o governo do Distrito Federal, militâncias rivais estarão separadas por aproximadamente 3 km de distância.

Apoiadores do governo, em maioria, ocuparão a Esplanada e devem caminhar em direção à praça dos Três Poderes. Já manifestantes que compõem o chamado Grito dos Excluídos (movimentos sociais, partidos de esquerda e outros) vão se concentrar na região da Torre de TV, na região central do Plano Piloto.

Ausência do desfile militar

As Forças Armadas orientaram seus oficiais em todo país a não realizarem as paradas da Independência —desfiles que ocorrem em vias públicas com membros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A decisão ocorreu em 2 de agosto, com um ofício despachado pelo Ministério da Defesa.

Duas semanas depois, as Forças Armadas realizaram um exercício militar, conhecido como "Operação Formosa", que resultou em um desfile de tanques de guerra pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

O gesto foi visto no cenário político como uma tentativa de intimidação e ameaça aos poderes Legislativo e Judiciário, pois Bolsonaro os vê como inimigos.

Segundo assessores do Ministério da Defesa, esta será a segunda vez desde a ditadura militar que o país não terá o tradicional desfile de 7 de setembro. No ano passado, também por conta da pandemia, decisão semelhante foi tomada pelo então ministro, o general Fernando Azevedo.