Ato do MBL e Vem pra Rua contra Bolsonaro reuniu 6 mil pessoas na Paulista
Juliana Arreguy e Vinícius Vieira
Do UOL, em São Paulo
12/09/2021 18h09Atualizada em 20/07/2022 19h34
A manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Avenida Paulista, região central de São Paulo, reuniu cerca de 6 mil pessoas, segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo). A estimativa é calculada a partir de imagens aéreas e mapas, de forma a determinar a extensão do ato ao longo da avenida e também nas áreas próximas. A maioria delas usava máscara de proteção contra o novo coronavírus, conforme apurou o UOL.
O número é menos da metade do que o de pessoas que compareceram no último 7 de Setembro ao Grito dos Excluídos, no Vale do Anhangabaú. Segundo a Polícia Militar, foram 15 mil pessoas presentes na manifestação organizadas por partidos e movimentos sociais alinhados à esquerda. Por outro lado, ambas as manifestações ficaram bem abaixo das 125 mil pessoas que se reuniram para apoiar Bolsonaro na semana passada.
Como aconteceu no Rio de Janeiro, uma disputa entre os próprios organizadores — o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua — além de uma outra entre eles e grupos de esquerda fez com que o ato paulista fosse esvaziado e fragmentado em mais de um caminhão, com discursos simultâneos, o que dividiu os presentes. O motivo da disputa é a rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para conseguir atrair nomes que historicamente não compartilham das mesmas demandas que o Vem Pra Rua e o MBL, acordou-se que o mote "Nem Bolsonaro nem Lula" seria abandonado em São Paulo. Contudo, um "pixuleco" com Lula vestido de presidiário e preso a Bolsonaro foi inflado na avenida, criando tensão entre lideranças dos dois grupos.
Por conta do histórico de manifestações com pautas antagônicas à esquerda, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), a condenação em segunda instância e pela Operação Lava Jato, grande parte dos movimentos sociais de esquerda, além do próprio PT e o PSOL, decidiram não comparecer ao ato de hoje.
Diferentemente dos manifestantes que estiveram no ato a favor do presidente, na semana passada, a maior parte dos grupos presentes na Paulista hoje utilizava máscaras de proteção.
Em nota à imprensa, a SSP informou ainda que o esquema de segurança organizado para acompanhar a manifestação envolveu 2 mil policiais, ao custo de R$ 885 mil aos cofres públicos. O efetivo contou com o apoio de 700 viaturas, 50 cavalos, dez cães e seis drones.
Além do policiamento, também participaram da operação equipes dos Comandos de Policiamento da Capital (CPC), de Trânsito (CPTran), de Choque (CPChq), do Corpo de Bombeiros e de Aviação (CavPM), que disponibilizou dois helicópteros águia.
Até às 17h30, ainda de acordo com a SSP, foram registradas cinco ocorrências relacionadas à manifestação. Durante as revistas pessoais, uma equipe da Polícia Militar flagrou um homem com um canivete na saída da estação Paulista (Linha 4-Amarela) do metrô. Outra pessoa que pilotava ilegalmente um drone na Avenida Paulista também foi parada pela PM.
Além disso, uma mulher colombiana foi presa com uma sacola contendo "diversos telefones celulares produtos de furto", informou a SSP. Outros dois homens estrangeiros também foram presos com cinco celulares, cuja procedência não conseguiram explicar. Um quarto estrangeiro também envolvido em furto/roubo de celular foi reconhecido pela vítima e preso pela PM.
Todas as ocorrências foram encaminhadas para registro no 78º DP (Jardins).
Bolsonarista retirado
No início da tarde, o ato puxado pelo trio elétrico do Movimento Direita Digital, onde estava Fernando Holiday foi interrompido pela presença de um apoiador de Bolsonaro. Além de trajar uma camiseta com os dizeres "Bolsonaro presidente", o homem fazia uma transmissão ao vivo, provocando os manifestantes contrários ao presidente.
Sua presença causou irritação dos demais, que atiraram garrafas de plástico e latas de cerveja. Ele precisou ser escoltado pela Polícia Militar, que o trouxe para a unidade móvel da corporação, onde ainda estava até a última atualização desta reportagem.