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Na semana dos mil dias, governo Bolsonaro entrega obras de gestões passadas

Bolsonaro empunha fuzil de brinquedo ao lado de criança em cerimônia em Belo Horizonte - Reprodução
Bolsonaro empunha fuzil de brinquedo ao lado de criança em cerimônia em Belo Horizonte Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

01/10/2021 17h10Atualizada em 01/10/2021 17h10

Na semana de comemoração dos mil dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e vários de seus ministros inauguraram obras de pequeno porte ao redor do país. Representantes do Palácio do Planalto estiveram em todos os estados brasileiros ao longo dos últimos cinco dias, numa tentativa de alavancar a popularidade do mandatário.

A estratégia do governo de levantar uma agenda positiva acontece em meio a uma acentuada crise econômica e à queda na popularidade do presidente. Parte das inaugurações envolvem obras iniciadas em governos passados e de pequeno porte —como um trecho de dez quilômetros de asfalto na Bahia e um hospital em Sergipe que não poderá funcionar ainda por falta de equipamento e material.

Às vésperas de protestos programados pela esquerda contra seu governo, Bolsonaro concluiu hoje seu giro pelo país — com ida a Maringá (PR), visitando ao menos um estado de cada região. Ministros cumpriram agenda nas demais unidades da federação.

Acompanhado do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e do governador Ratinho Júnior (PSD), Bolsonaro anunciou a entrega da ampliação da pista de pousos e decolagens do aeroporto regional. Uma forte chuva, com ventos de mais de 95 km/h, derrubou o palanque, e a cerimônia foi transferida para um pavilhão de exposições da cidade.

Ponto de partida

Bolsonaro escolheu o Nordeste como primeiro destino da semana comemorativa. Nas eleições de 2018, o então deputado federal foi derrotado pelo petista Fernando Haddad em todos os nove estados nordestinos.

Na terça-feira (28), Bolsonaro entregou 200 casas em Alagoas ao lado do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB), inimigo político do governador Renan Filho e de seu pai, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB). Hoje, o parlamentar afirmou que o presidente estará no relatório final da comissão — segundo ele, "pelas digitais na omissão" do enfrentamento da pandemia do coronavírus —, mesmo sem o chefe do Executivo constar na lista de investigados.

No evento na capital alagoana, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), esteve ao lado do presidente e elogiou a "continuação" do projeto iniciado na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), que previu a construção das residências no Minha Casa Minha Vida —programa criado em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No mesmo dia, Bolsonaro também entregou dois trechos de duplicação da BR-101 e da BR-116 — o equivalente a apenas 10,4 quilômetros das rodovias em Teixeira de Freitas (BA).

No Piauí, o governo foi representado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), político do estado. Ele ficou responsável por entregar a reforma de um posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-343, no município de Piripiri.

Modernizações e reformas dos postos da PRF em todo o país foram iniciadas ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Pelo projeto iniciado em 2014, mais de 2.600 postos seriam ampliados.

Em Sergipe, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, chegou a ser vaiado quando cumpria agenda na Universidade Federal de Sergipe — a inauguração de uma unidade materno infantil do hospital universitário. A obra, contudo, foi iniciada em 2010 e ainda não poderá funcionar por falta de equipamento e material.

Houve também entregas de concessões ao mercado privado, como a de aeroportos do Bloco Norte em Boa Vista (RR), que contou na quarta-feira (29) com uma cerimônia na cidade com a presença de Bolsonaro.

Outras concessões também foram assinadas pelo presidente ao participar de uma entrega de três rodovias federais em Anápolis (GO).

Ontem, junto com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, cotado como candidato à prefeitura de Natal (RN), Bolsonaro foi ao metrô de Belo Horizonte (MG), onde prometeu disponibilizar recursos para a viabilização de uma obra futura, a da nova linha do metrô.

Na capital mineira, o presidente foi alvo de um protesto durante discurso, e reagiu com ataques à esquerda, repetindo que está pronto para o debate caso confirme a candidatura à reeleição em 2022.

Na solenidade, o presidente recebeu uma criança de seis anos vestida de policial militar. Bolsonaro chegou a pegar a arma de brinquedo que o menino carregava e empunhá-la para o alto

Questionado pela reportagem sobre o custo das viagens, o governo não se manifestou até a publicação deste texto.