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Médico diz que não havia autonomia médica na Prevent Senior

Do UOL, em São Paulo

07/10/2021 13h23Atualizada em 07/10/2021 13h42

O médico Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da Prevent Senior, afirmou hoje que não havia autonomia médica na operadora. Ele diz que, no início da pandemia, havia ordens para que os profissionais não usassem máscara de proteção contra a covid-19.

Em setembro, durante depoimento na CPI da Covid, o diretor da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que os médicos tinham autonomia para tomar decisões, inclusive a de não prescrever o chamado "kit covid", composto por medicamentos sem eficácia comprovada contra o vírus.

"[A Prevent] nunca respeitou. Eu tive até que tirar a máscara, não tive o direito nem de me proteger. É o cúmulo da falta de autonomia", afirmou o médico Walter hoje aos senadores.

Segundo ele, a Prevent começou a adotar os medicamentos do "kit covid" entre o final de março e o início de abril de 2020. "Eles instituíram um protocolo institucional e iniciou a determinação para que a gente prescrevesse essa medicação".

Questionado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), o médico confirmou que a prescrição era obrigatória.

Walter Neto comparou a hierarquia rígida da Prevent Senior com a Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros, onde atuou. "Era um ambiente hostil, com a questão de lealdade e obediência. Fui bombeiro militar por quatro meses, experimentei o militarismo, fui policial civil por dez anos. Não havia nessas instituições, mesmo numa instituição militar, uma hierarquia tão rígida quanto acontecia na Prevent, que era, muitas vezes, uma hierarquia baseada até em assédio moral".

Então, você se voltar contra qualquer orientação do seu superior significaria represálias importantes, talvez perder o seu trabalho. A gente vivia num ambiente assim em que todas as pessoas ficavam muito receosas de contrariar qualquer orientação.
Médico Walter Correa de Souza Neto presta depoimento na CPI da Covid

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.