França apoia Alckmin no PSB como vice de Lula: Ele quer projeção nacional
O presidente do PSB em São Paulo, Márcio França, afirmou hoje que, se o ex-governador Geraldo Alckmin decidir migrar para a sigla, o partido "estenderá um tapete vermelho" para o político. França demonstrou apoio para que Alckmin concorra como vice-presidente numa possível chapa encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O PSB foi unânime para Alckmin entrar no partido. Nesse período de pré-campanha todo mundo fica cheio de ideias. Neste momento, se houver essa disposição de se filiar, haverá um tapete vermelho para que ele possa entrar", declarou França, em entrevista à GloboNews.
"Ele deixou o PSDB, em que ele lutou internamente, porque a maioria [do PSDB] optou por uma candidatura [à presidência, em 2022] de uma campanha que não tem afinidade com o que ele pensa. Ele gostaria de ser lembrado nacionalmente. Ele busca um novo caminho —algo bom para ele e para a democracia", disse.
Apoio para Alckmin ser vice de Lula
Questionado sobre as chances, de zero a 10, de Alckmin ir para o PSB e concorrer como vice de Lula, França disse que, se depender dele, a chance é 10. "Se depender de Alckmin, sete", afirmou. "Ele está fazendo suas condutas. Mas se ele quiser se filiar para ser governador, eu abriria para ele", disse.
Embora o PSDB se recuse a falar abertamente, a saída de Alckmin ajuda a revelar a divisão que tem dominado a legenda nos últimos anos. Nas prévias, a disputa entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) ganhou tom agressivo, e até Alckmin, que tentou se manter longe do pleito oficialmente, acabou articulando a favor do gaúcho.
Entre lideranças, no entanto, a forma como Doria tratou o ex-governador —chamada por muitos de traição— foi um dos motivos para que se alinhassem a Leite. O atual governador paulista passou a ser visto como não confiável por Alckmin.
França critica Doria
Crítico de Doria e próximo a Alckmin, Márcio França atacou os chamados "outsiders" na política e especulou que o governador de São Paulo deve se juntar à possível campanha do ex-juiz Sergio Moro, em 2022.
"Doria deve se juntar ao Moro porque ele não faz questão de ser presidente, governador nem prefeito —ele só quer ser candidato. Doria se adapta fácil para ser vice do Moro ou vice-versa. De qualquer maneira, ele estará nessa engenharia. E isso que o PT tem que saber: se pretende ter os partidos com ele sou se vai esperar o segundo turno", afirmou.
Questionado sobre a chance, de zero a 10, de Alckmin ir para o PSB e concorrer com Lula, França disse que se depender dele próprio, a chance é 10. "Se depender de Alckmin, sete", arriscou. "Ele está fazendo suas consultas. A nossa decisão é que eu serei candidatos a governador. Mas se ele quiser se filiar para ser governador, eu abriria para ele", afirmou.
A resposta foi em referência à notícia de que o PT já comunicou o PSB que não deve abrir mão da candidatura de Fernando Haddad ao governo de São Paulo no ano que vem. A retirada de Haddad em favor de França tem sido colocada como condição do PSB para aceitar a entrada de Alckmin na sigla.
Alckimin: trajetória no PSDB
As trajetórias de Alckmin e PSDB se misturam. O ex-governador foi a sétima assinatura na lista de presença dos fundadores do partido. O ex-governador foi levado para o PSDB pelo hoje senador José Serra, após o trabalho de Alckmin como deputado constituinte. Ambos deixavam o PMDB, atual MDB, para seguir com outros dissidentes para o novo partido.
Mais do que fundador, Alckmin foi a marca do domínio do PSDB no estado de São Paulo. De 1995 a 2001, foi vice de Mário Covas. Após o falecimento do companheiro de chapa, foi eleito governador em 2002.
Se compor uma chapa com Lula, esta será a primeira eleição em que o ex-governador e o PSDB estarão em lados opostos. Se vai ser difícil para o partido enfrentar um dos seus nomes mais fortes em São Paulo e líder nas pesquisas em uma eleição estadual, também não será fácil para Alckmin.
Hoje, o objetivo, segundo seus aliados, é que ele busque um quinto mandato no Palácio dos Bandeirantes e a disputa pela vaga do PSDB foi um dos motivadores de sua saída. Com Doria voltado ao Planalto, o ex-governador se considerava o sucessor natural.
A relação com Doria, estremecida desde 2018 com o BolsoDoria —quando o paulista decidiu apoiar o então candidato Jair Bolsonaro (PL) à Presidência—, piorou quando o atual governador trouxe seu vice, Rodrigo Garcia, do DEM para o PSDB com o objetivo de postulá-lo como candidato à vaga no Palácio dos Bandeirantes.
Garcia se inscreveu nas prévias. Alckmin, irritado, se recusou e passou a debochar do pleito enquanto articulava com aliados a possibilidade de sair do partido. Sua avaliação sempre foi que o péssimo resultado em 2018 foi influenciado pelo bolsonarismo, mas, no estado, ele continua forte.
Por outro lado, Alckmin não terá a estrutura do governo como força também pela primeira vez. Aliados contam que, nos últimos meses, o ex-governador tem feito contas em um papel para projetar o custo de uma campanha, o que lhe tem gerado uma certa preocupação.
Partido rachado
Por mais que o partido se recuse a falar abertamente, a saída de uma das principais lideranças ajuda a revelar a divisão que tem dominado a legenda nos últimos anos.
Nas prévias, a disputa entre Doria e o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) ganhou um tom mais agressivo do que o que o esperado e até Alckmin, que tentou se manter longe do pleito oficialmente, acabou se metendo —e articulando pelo gaúcho, de maneira mais discreta.
Ele se inscreveu para votar no penúltimo dia do fim do prazo. Um erro na avaliação de apoiadores, pois, caso realmente não votasse, poderia sair "por cima" em um cenário de vitória ou derrota de Doria.
Entre lideranças, no entanto, a forma como Doria tratou o ex-governador —chamada por muitos de traição— foi um dos motivos para que se alinhassem a Leite. O atual governador paulista passou a ser visto como não confiável. Questionado se a saída de Alckmin é, em parte, culpa do próprio ex-governador, Aníbal diz achar que, "em boa medida, sim".
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