Moro inclui entrevista de Bolsonaro em ação sobre interferência na PF
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) pediu a inclusão de uma entrevista feita ontem por Jair Bolsonaro (PL) ao "Hora do Strike", da Gazeta do Povo, no inquérito que investiga se o presidente tentou interferir na Polícia Federal. Na ocasião, Bolsonaro criticou Moro por "não ter feito nada" para que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e a Receita Federal não "bisbilhotassem" sua vida.
No pedido, enviado ontem ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal), os advogados do ex-juiz ainda incluíram uma matéria publicada hoje no site O Antagonista sobre as declarações do presidente.
"Você pode investigar o filho do presidente? Pode. A mulher do presidente? Pode. Mas investiga legalmente, com uma acusação formal. O próprio presidente, eu posso ser investigado, sem problema nenhum, mas não dessa forma como eles fazem", disse Bolsonaro, acrescentando que queria ter demitido Moro antes, mas, "como ele tinha um prestígio muito grande, ficava difícil justificar".
Eu sempre dizia na reunião de ministros: 'Eu não quero ser blindado por nenhum de vocês, entendeu, Sergio Moro? Eu não posso admitir é ser chantageado, entendeu, Sergio Moro?'. Assim era comum acontecer. E esse cara [Moro] não fez absolutamente nada para que Coaf, para que Receita, não só não bisbilhotasse a minha vida, como a de milhares de brasileiros. Que isso nos atrapalha.
Jair Bolsonaro, ao "Hora do Strike"
Não foi a primeira vez que Bolsonaro reclamou da atuação de Moro à frente do Ministério da Justiça. Na última quinta-feira (2), durante sua live semanal, o presidente chamou o ex-juiz de "mentiroso" e "sem caráter" e repetiu que ele condicionou a nomeação de um novo diretor-geral da PF — atribuição do presidente da República — a uma indicação para ser ministro do STF. (Assista abaixo)
Bolsonaro já havia feito essa mesma acusação no início de novembro, em depoimento, no âmbito deste inquérito sobre a suposta tentativa de interferência na PF.
"[Moro] Saiu do governo pelas portas dos fundos, traindo a gente, querendo trocar o chefe da PF com sua indicação ao Supremo. 'Você me indica para o Supremo, daí troca o diretor-geral'. Está em lei, o diretor-geral é atribuição minha trocar, não é nem o ministro. Mas mesmo assim deixei nomear o senhor Valeixo", declarou.
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