Topo

Esse conteúdo é antigo

Sakamoto: Moro 'passa pano' em vez de encarar que STF o declarou parcial

Do UOL, em São Paulo

09/12/2021 13h40Atualizada em 09/12/2021 14h12

Para Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, a Lava Jato "vai ser uma pedra no sapato" de Sergio Moro nas eleições presidenciais de 2022, mas o ex-juiz tem preferido "passar um pano na própria biografia" em vez de "encarar de frente" os erros.

"Ele tem evitado falar da Vaza Jato, mas não tem jeito, porque vai ser um dos temas da sua pré-campanha eleitoral", disse Sakamoto ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL.

"Para uma pessoa que diz que vai defender a lei, ele precisa provar que não havia desrespeitado a lei", prosseguiu o colunista — mas, na avaliação de Sakamoto, o vazamento das conversas entre procuradores e o próprio Moro "mostram o contrário".

O vazamento das mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato começou a ser publicado pelo site The Intercept Brasil em meados de 2019.

As conversas reveladas mostraram Moro orientando investigações, e o teor das mensagens foi criticado por defesas de condenados pelo ex-juiz e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Você tem o ex-ministro Sergio Moro combinando com procuradores questões que, se fossem claras, deveriam ter sido feitas a céu aberto. Tem questões inclusive do grampo obtido de forma ilegal na conversa entre o Lula e a Dilma", pontuou Moro.

"Tem muita coisa lá que, se tivesse sido divulgada logo após o momento em que aconteceu, teria colocado abaixo a própria Lava Jato e, provavelmente, impedido a prisão de Lula e mudado o rumo das eleições de 2018", acrescentou.

Em junho, baseando-se nas mensagens vazadas, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo do tríplex em Guarujá (SP), colocando o processo na estaca zero.

Foi o processo do tríplex que levou Lula à prisão por cerca de um ano e meio e o impediu de disputar as eleições de 2018, vencida pelo hoje presidente Jair Bolsonaro (PL) — e Moro comandou o Ministério da Justiça do atual governo até abril.

Recentemente, comentando o fato de o MPF ter reconhecido a prescrição do processo contra Lula, Moro disse que "manobras jurídicas" enterraram o caso e defendeu que crimes de corrupção sejam imprescritíveis.

"O ex-ministro Sergio Moro tenta passar um pano na própria biografia em vez de encarar de frente que o próprio Supremo Tribunal Federal considerou ele suspeito, ou seja: afirma que ele não foi imparcial", pontuou Sakamoto.

"Tem terabytes de diálogo mostrando que não houve imparcialidade, então esse tema vai ser bastante recorrente e sim, vai ser uma pedra no sapato [de Moro]", finalizou.

Com notícias, opiniões e entrevistas, o UOL News - Tarde, apresentado por Fabíola Cidral, vai ao ar de segunda a sexta-feira, ao 12h (horário de Brasília), no Canal UOL. O programa pode ser acompanhado ao vivo pelo UOL Play e pelo canal do UOL no YouTube.