Topo

Com Bolsonaro de férias, ministro diz que governo atua na BA desde novembro

Chuvas na Bahia são "ponto fora da curva" e causariam problema em qualquer lugar do mundo, disse Marinho (dir.) - Reprodução/Twitter/@joaoromaneto
Chuvas na Bahia são "ponto fora da curva" e causariam problema em qualquer lugar do mundo, disse Marinho (dir.) Imagem: Reprodução/Twitter/@joaoromaneto

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

28/12/2021 17h48Atualizada em 28/12/2021 18h37

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) sofre críticas nas redes sociais por estar de férias numa praia em Santa Catarina e não acompanhar de perto a tragédia causada pelas chuvas na Bahia, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, afirmou hoje que o governo federal atua no sul do estado nordestino desde novembro. As chuvas já provocaram a morte de pelo menos 21 pessoas nos últimos dias na Bahia e 77 mil pessoas tiveram de deixar suas casas.

"Desde o mês de novembro, estamos na Bahia, com a Defesa Civil, com a [o Ministério da] Cidadania, Ministério da Saúde, DNIT [órgão que cuida de rodovias], com as Forças Armadas, com o [Ministério do] Desenvolvimento Regional, num esforço integrado para fazer frente a essa situação, prestando solidariedade e apoio aos desabrigados que estão precisando da nossa atenção", disse o ministro à tarde, em entrevista à rádio Jovem Pan.

Bolsonaro foi às redes sociais para reagir à entrevista de Marinho —o presidente utilizou uma imagem de cumprimentos.

O presidente da República disse a apoiadores hoje que "espera não ter que retornar antes" do previsto de suas férias em Santa Catarina. A declaração foi gravada e divulgada pelo portal santa-catarinense ND Mais. O presidente segue no cargo neste período de férias.

O ministro esteve na Bahia hoje e ouviu o governador Rui Costa (PT) pedir a liberação de um volume maior de recursos do governo federal para a reconstrução de estradas em cinco estados afetados pelas chuvas.

Marinho também declarou à rádio que a desorganização das cidades causa várias crises pelo país em decorrência das chuvas, nos finais e início de ano. No entanto, ele afirmou que a quantidade de chuvas na Bahia fugiu a qualquer padrão conhecido.

Essa questão da região do sul da Bahia foi um ponto fora da curva. É um problema que, nos últimos 30 anos, não tem um parâmetro, um paralelo dessa proporção.
Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional

Na opinião do ministro, o problema seria o mesmo em qualquer cidade do mundo. Isso porque, em algumas regiões, choveu de 300 a 500 milímetros num intervalo de quatro ou cinco dias. "Em qualquer cidade do mundo, essa proporção gera problema", avaliou. "Imagine na situação em que essas pessoas moram, à margem dos córregos, em encostas", continuou.

É preciso realocar populações, diz ministro

Marinho defendeu que sejam tomadas três medidas. A primeira é recuperar as estradas, pontes, acessos e casas, ação que será feita pelo governo federal, segundo afirmou o ministro.

A segunda é realocar populações que vivem em encostas e margens de rios e fazer obras de contenção e prevenção de desastres. Marinho pediu ao governador da Bahia, Rui Costa, e a vários prefeitos que fizessem essas obras novas e providenciassem moradias em locais mais seguros para a população.

Marinho calculou que entre 24 e 25 milhões de moradias no Brasil são irregulares por não terem escritura pública. "A maior parte dessas residências é fruto de invasão em áreas públicas, devolutas ou privadas de grande proporção permitindo essa ocupação. É um problema sistêmico de toda a infraestrutura física e urbana das cidades brasileiras com raríssimas e honrosas exceções". O ministro disse que isso não começou "há décadas", mas há "centenas de anos" no Brasil.

Veja a entrevista a partir de 48min10seg

Marinho destaca ajuda para estradas

Os apresentadores da Jovem Pan não questionaram o ministro sobre os R$ 2 bilhões cobrados pela bancada de parlamentares da Bahia, em reunião com Arthur Lira (PP-AL) hoje, para a reconstrução da região. Marinho também não mencionou o pedido e as críticas que recebeu pelo fato de recursos anunciados serem considerados insuficientes.

O ministro preferiu destacar a medida provisória que libera R$ 200 milhões para vários estados. A MP 1086 foi assinada hoje e prevê a recuperação de estradas. Serão R$ 80 milhões para todo o Nordeste, não apenas a Bahia, R$ 70 milhões para o Norte e R$ 50 milhões para o Sudeste. Lira disse que essa ajuda é apenas "paliativa".

O governador Rui Costa reclamou na frente de Marinho mais cedo. "Todos os estados devem estar precisando. Os R$ 80 milhões não dá para recuperar o estado da Bahia."

Marinho disse a Costa o que Jair Bolsonaro teria lhe dito: "Faça o que for necessário". Ele afirmou ao governador que outros sete estados estavam com problema de chuvas, embora nenhuma situação seja tão grave quanto a da Bahia. "Estamos aguardando um diagnóstico mais acurado. Será feito o que for necessário. Vamos precisar de um pouco mais de tempo para receber esses informes."

Na entrevista à Jovem Pan, mais tarde, Marinho afirmou que oito estados sofrem com chuvas. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Piauí, Goiás e Tocantins.