'Nienov não tem governabilidade no PTB', diz advogado de Roberto Jefferson

Esta reportagem foi atualizada para incluir o posicionamento da defesa de Roberto Jefferson sobre declarações de Graciela Nienov ao jornal O Globo. O ex-deputado federal segue determinação do STF, que o proíbe de dar entrevistas.

Braço direito do ex-deputado federal Roberto Jefferson, o advogado do PTB, Luiz Gustavo da Cunha, minimizou as recentes declarações da dirigente em exercício da sigla, Graciela Nienov, contra integrantes do partido.

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"São narrativas típicas de grêmio estudantil por meio das quais ela busca desestabilizar o partido e criar intrigas", disse o advogado.

A manifestação vem em resposta a uma entrevista publicada pelo jornal O Globo em 9 de fevereiro, em que Graciela diz ter sido alvo de ameaças por parte de opositores dentro da legenda.

"Graciela não tem nenhuma governabilidade no PTB", afirmou Cunha.

O diretório nacional do PTB se reunirá na sexta-feira (11) a fim de eleger a nova direção-geral do partido.

A defesa do PTB informou que estuda acionar a Justiça caso Nienov resista em deixar o posto.

O UOL tenta contato com Graciela Nienov.

Graciela não tem nenhuma governabilidade no PTB. O diretório composto por ela foi dissolvido. Ela continua tomando atos de dirigente, que ela não é mais. Dos 220 diretorianos no partido, 183 assinaram um edital de convocação para essa reunião. A maioria considera que ela traiu o partido como um todo. É incorreto chamá-la de 'presidente' do PTB
Luiz Gustavo da Cunha, advogado de Roberto Jefferson

Em prisão domiciliar, e impedido de usar redes sociais ou dar entrevistas, o presidente de honra do PTB anunciou, por meio de carta enviada a Cunha, no fim de janeiro, a saída de Nienov da presidência nacional da sigla.

Ela, então, voltou atrás da decisão de abandonar o comando do partido e, poucos dias depois, registrou boletim de ocorrência em que alega ter sido ameaçada por adversários dentro da própria legenda.

A defesa de Roberto Jefferson nega que o presidente de honra ou qualquer outro integrante da cúpula tenham tentado intimidar a dirigente.

Nienov assumiu o comando do partido em agosto do ano passado, depois de o ex-mensaleiro ter tido prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Jefferson é alvo de inquérito sobre as chamadas milícias digitais, que apura a organização de atos com pautas antidemocráticas no país

O estopim da disputa

O rompimento de Jefferson com Nienov começou depois de áudios terem sido vazados de um grupo de WhatsApp, em que Graciela supostamente afirmava ter marcado reunião com Alexandre de Moraes.

"Em janeiro eu vou ter que ir lá almoçar com o Alexandre. Fiz esse compromisso. Paciência. Bora lá", diz Nienov em troca de mensagens com interlocutores, num grupo secreto de WhatsApp.

Uma integrante do PTB de Porto Alegre, no grupo identificada como Paula, teria então respondido: "A única coisa que eu quero é o STF de costas para nós, fingindo que a gente não existe. Não dá para brincar quando o cara tem a caneta para te botar dentro de uma cela".

Moraes e Graciela negam encontro

Segundo integrantes do PTB ouvidos pelo UOL, Graciela Nienov teria se articulado com Moraes a fim de manter a prisão de Jefferson.

Em nota, o STF negou que o ministro tenha se encontrado com Nienov.

"É absolutamente falso que Alexandre de Moraes tenha recebido em audiência, conversado pessoal ou telefonicamente com a ex-presidente do PTB, que nem ao menos conhece."

Ao UOL, Graciela também negou ter tido almoço com Moraes e disse não conhecer ministro.