Topo

'Não prendi nenhum deputado', diz Bolsonaro em novo ataque ao STF

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

09/02/2022 12h37

Sem citar o STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou hoje a fazer provocações à Corte e, em discurso no Rio Grande do Norte, afirmou 'não ter prendido nenhum deputado' e 'não ter desmonetizado página de ninguém'.

A declaração faz referência a decisões do ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das fake news. Entre outras etapas das investigações no âmbito do Supremo, Moraes já mandou prender o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ).

O discurso foi realizado hoje em visita à barragem de Oiticica, na cidade de Jucurutu (RN), empreendimento que vai receber as águas do eixo Norte do projeto de transposição do rio São Francisco. Em oposição aos ataques ao STF, Bolsonaro disse ser um democrata e declarou 'não ameaçar ninguém', mesmo os que 'ofendem e atacam'.

Eu não prendi nenhum deputado. Não desmonetizei página de ninguém. Não ameaço ninguém, mesmo que os que me ofendem, que me atacam. E, se tiver algo contra alguém, será no campo da injúria, calúnia e difamação
Jair Bolsonaro (PL)

"Eu quero eleições... Quero não, nós teremos eleições limpas no corrente ano. Nós queremos e buscamos transparência. Jamais vou impor qualquer vontade minha sobre vocês. Muito pelo contrário, vocês decidem o futuro para o nosso Brasil", completou.

O aceno de confiança no sistema eleitoral ocorre cinco meses depois que Bolsonaro foi à rua liderar uma manifestação —que, segundo opositores, tinha viés golpista— contra ministros do STF e em defesa do projeto do voto impresso (derrotado no Congresso).

Durante o ano de 2021, o presidente lançou por várias vezes dúvidas em relação à confiabilidade das eleições no Brasil e chegou a insinuar que, na condição de chefe do Executivo federal, poderia partir para uma "ruptura institucional".

Dias após os atos realizados por bolsonaristas em 7 de setembro de 2021, o comandante do Palácio do Planalto recuou e passou a amenizar o tom de suas declarações. Em carta aberta, elaborada com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro disse ter respeito às instituições brasileiras e argumentou que "suas palavras [de viés golpista] decorriam do calor do momento".

Na manhã de hoje, no Rio Grande do Norte, Bolsonaro se disse alvo de acusações aleatórias, como "ser grosso", "falar palavrão", "ser insensível" e antidemocrático. Por outro lado, segundo ele, 'ninguém vai poder acusá-lo' de defender a 'liberdade' e promover um 'governo democrático'.

"É um governo democrático e que pesa pela liberdade de cada um de vocês. Liberdade essa que é o bem maior de um povo democrático. Isso ninguém vai poder me acusar do contrário. Em momento algum, uma só palavra minha, um só gesto, uma só ação, um só projeto, seja o que for... Visou ou visa democratizar a mídia, controlar a mídia... Isso não existe da nossa parte."

"Um governo que está aberto e que é transparente, um governo que quer o melhor para o seu povo e que se mira em vocês para tomar decisões."