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Quaest: Bolsonaro está no mesmo patamar em que Lula esteve em 1994 e 1998

Bolsonaro discursa em evento em refinaria da Petrobras - Alan Santos
Bolsonaro discursa em evento em refinaria da Petrobras Imagem: Alan Santos

Do UOL, em São Paulo

10/02/2022 07h49Atualizada em 10/02/2022 15h41

O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, afirmou que as pesquisas mostram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) está no mesmo "patamar" em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrava em fevereiro de 1994 e de 1998, quando o petista perdeu as eleições no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Uma pesquisa da Genial Investimentos e Quaest Consultoria divulgada ontem apontou que Lula mantém a liderança nas intenções de voto para a Presidência no 1º turno com 45% — assim como a pesquisa anterior do mesmo instituto, divulgada no dia 12 de janeiro. Além disso, o petista também aparece como vencedor em todos os cenários de 2º turno testados.

Bolsonaro, hoje, está no mesmo patamar em que o Lula esteve em 1994 e em 1998. Ou seja, em fevereiro de 1994 e em fevereiro de 1998 o Lula tinha mais ou menos 20% de intenção de votos. Ao longo da campanha, o Lula cresceu -- embora o FHC tenha vencido a eleição no primeiro turno, o Lula não perdeu de 7 a 1.
Diretor da Quaest, em entrevista à Carta Capital

Segundo o cientista político, a expectativa é que o governo Bolsonaro melhore seu desempenho no ano eleitoral, mas não é possível confirmar isso.

"A tendência natural de qualquer incumbente é melhorar o seu desempenho no último ano de governo. Se isso vai acontecer, não dá para dizer, mas a tendência é de que todo governo melhore no último ano."

"Estabilidade impressionante" de Lula no 2 turno

Sobre as pesquisas que mostram Lula com pelo menos 20 pontos percentuais à frente dos demais concorrentes em cenários testados para o segundo turno, o diretor da Quaest afirmou que a estabilidade do petista é "impressionante".

"[Esse cenário] não muda mesmo. É uma estabilidade impressionante. A disputa entre Lula e Bolsonaro está no 50% a 30% há alguns meses. Isso só demonstra que as escolhas políticas que Bolsonaro fez ao longo do mandato repercutiram negativamente na sociedade, e isso, obviamente, tem consequências políticas e eleitorais", explicou.

Para o cientista político, os brasileiros atualmente desejam mudanças políticas e, consequentemente, a não permanência de Jair Bolsonaro no poder.

"O eleitor cristalizou a ideia de mudança e não de continuidade em relação a este governo especificamente. E aí, em um eventual segundo turno, o Lula consegue aglutinar muito mais forças políticas do que o Bolsonaro."

Terceira via

Para o cientista político, a chamada "terceira via" tem um grave problema que é as "pessoas não acreditarem que eles vão ganhar a eleição" contra Lula e Bolsonaro e, consequentemente, os eleitores desanimam em votar nesses candidatos.

Na visão de Nunes, os candidatos da terceira via precisam "roubar" votos de Lula e Bolsonaro para conseguirem crescer na disputa deste ano.

O que dá para dizer sobre os candidatos da terceira via e sobre o Ciro em particular é que estão tentando encontrar um caminho de posicionamento estratégico que lhes dê a possibilidade de roubar votos dos dois primeiros nomes. Eles não vão crescer mais se não roubarem votos de Lula e Bolsonaro. Do contrário, tem pouco mercado político para ser disputado.

O diretor da Quaest ainda apontou que o empate do candidato do Avante à presidência, André Janones, com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mostra a "incapacidade" do tucano em alavancar o seu nome, mesmo sendo conhecido pelo país. Ambos os candidatos alcançaram os 2% na última pesquisa da Quaest, que foi estimulada — quando os nomes dos candidatos são apresentados aos eleitores em uma lista.

"Se a gente pensar que não é o desconhecimento que explica essa baixa intenção de voto [em Doria], mas de fato uma alta rejeição, o que dá para dizer é que o Doria dificilmente consegue melhorar seu desempenho trabalhando com as mesmas variáveis com as quais trabalha hoje, que são a defesa da vacina em São Paulo, a gestão de São Paulo e por aí vai. Não é por aí que ele vai conseguir alavancar a candidatura."