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Pacheco fala em 'cautela com viés eleitoral' após proposta sobre CPI do MEC

Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco - Marcos Oliveira/Agência Senado
Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Colaboração para o UOL

05/04/2022 20h00Atualizada em 05/04/2022 20h00

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que é preciso ter "cautela com o viés eleitoral", quando questionado sobre a defesa de parlamentares na criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o chamado "gabinete paralelo de pastores" no Ministério da Educação.

"É preciso ter muita responsabilidade neste momento do Brasil, de muito esgarçamento entre instituições, momento em que se exige união nacional, temos um período eleitoral acirrado. É preciso ter cautela com instrumentos do Legislativo que possam soar com viés eleitoral. Não estou me referindo especificamente a esta ideia da CPI do Ministério da Educação, mas a toda e qualquer iniciativa deste tipo", disse Pacheco, em coletiva de imprensa hoje.

A Comissão de Educação do Senado debateu ,no último dia 31, a criação de uma CPI que apure as denúncias de tráfico de influência no MEC. A discussão ocorreu após o não comparecimento do ex-ministro Milton Ribeiro, que já havia confirmado a presença na audiência.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que a ausência "equivale a uma assimilação de culpa". "Este Senado não pode e não será desmoralizado. Não restará, diante deste gravíssimo desrespeito, senão a instalação de uma CPI", disse Randolfe, um dos autores do requerimento para que Ribeiro prestasse informações.

Hoje, em depoimento a senadores, prefeitos de diferentes regiões do país confirmaram indícios de tráfico de influência na distribuição de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), citando reunião na casa do ex-ministro Milton Ribeiro, a participação de pastores na intermediação e pedido de propina em ouro.

O pedido foi confirmado pelo prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), segundo quem um dos pastores cobrou "um quilo de ouro" em um restaurante de Brasília. Já José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), disse que a liberação de recursos para uma escola profissionalizante foi condicionada ao adiantamento de R$ 40 mil "na conta da igreja evangélica".

Ribeiro diz à PF que recebeu pastor a pedido de Bolsonaro

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro confirmou à PF (Polícia Federal) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe pediu para receber um dos pastores acusados de negociar verbas do MEC (Ministério da Educação) para prefeitos em suposta prática de lobby. No depoimento do último dia 31, porém, Ribeiro negou "tratamento privilegiado" e a existência de um "gabinete paralelo" na pasta. A informação foi revelada inicialmente pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.

"O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE [Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação] ou MEC, esclarecendo que, como ministro, recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político", disse o ex-ministro, em um trecho do depoimento.

Aos policiais, Ribeiro teria explicado que, após a primeira reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC, Bolsonaro sequer teria questionado sobre o teor da conversa. "O presidente da República jamais indagou o declarante a respeito da visita do pastor Gilmar."