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Moro defende fim da reeleição e nega ter sido cúmplice de Bolsonaro

26.jan.2022 - O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (União Brasil), em evento do MBL, em São Paulo - Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo
26.jan.2022 - O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro (União Brasil), em evento do MBL, em São Paulo Imagem: Roberto Sungi/Futura Press/Estadão Conteúdo

Paulo Roberto Netto

Colaboração para o UOL, de Brasília

09/04/2022 16h43

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou hoje (9) que defenderá um "pacote ético" pelo fim da reeleição e do foro privilegiado e negou ter sido "cúmplice" do governo Jair Bolsonaro (PL). O ex-juiz da Lava Jato foi sabatinado no Brazil Conference 2022, realizado em Boston (EUA).

"O que tenho defendido é que, além das reformas necessárias, nós precisamos de um pacote ético que passa pelo fim da reeleição para presidente da República. O fim do foro privilegiado para todo mundo. É um absurdo que temos no Brasil até hoje um foro privilegiado para autoridades que são tratadas como superiores a cidadãos comuns", disse Moro.

O ex-ministro também disse que o pacote incluiria a defesa da prisão após 2ª instância e da "autonomia para órgãos de controle", como mandatos de 3 a 4 anos para o diretor da Polícia Federal.

"Quando eu digo que é importante acabar com a reeleição para presidente da República é porque o presidente sinaliza que ele está disposto a fazer sacrifícios", afirmou.

Ao ser questionado sobre os motivos que o levaram a aceitar o cargo de ministro da Justiça de Bolsonaro, em 2018, o ex-ministro disse que não poderia avaliar a decisão "com os olhos de hoje". Moro, porém, negou ter sido "cúmplice" do governo.

"Se eu fosse realmente um cúmplice dessas coisas erradas do governo Bolsonaro, estaria lá até hoje como ministro da Justiça. Poderia ter virado ainda, se fosse cúmplice maior, um ministro do Supremo Tribunal Federal. Mas eu não me vendo por cargo"
Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

STF proferiu "decisões lamentáveis"

Com o ministro Luís Roberto Barroso na plateia, um dos principais defensores da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Moro disse que a Corte proferiu "decisões lamentáveis" nos últimos meses que impuseram derrotas à Lava Jato.

No ano passado, o STF declarou a suspeição do ex-juiz e anulou as condenações impostas ao ex-presidente Lula (PT), garantindo os direitos políticos do petista. Desde então, Lula obteve uma sequência de vitórias na Justiça contra os processos da Lava Jato.

Moro citou que decisões do Supremo, como o envio de ações da Lava Jato à Justiça Eleitoral e o fim da segunda instância, garantiu a soltura de "criminosos".

"O Supremo deu, sim, um grande apoio à Lava Jato durante um tempo, mas infelizmente nos últimos anos tem proferido decisões que têm sido lamentáveis e infelizes", disse.