Moro diz que não desistiu de nada, mas não será candidato à Câmara
Menos de 24 horas depois de deixar o Podemos e se filiar ao União Brasil, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) afirmou hoje que não desistiu de nada, mas que também não será candidato a deputado federal.
Preciso esclarecer a todos que eu não desisti de nada, muito menos do meu sonho de mudar o Brasil. Pelo contrário, sigo firme na construção de um projeto para o País. O Brasil está em um ano eleitoral decisivo, no qual iremos escolher que tipo de país queremos ser. Sergio Moro
Moro havia reconhecido ontem que desistiu, pelo menos naquele momento, de disputar a Presidência da República. Hoje, porém, ele afirmou que não abandonou o sonho de livrar "o Brasil dos extremos", referindo-se diretamente a dois possíveis rivais nas eleições que serão realizadas em outubro: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
"Para livrar o Brasil desses extremos coloquei o meu nome à disposição do país. Não tenho ambição por cargos. Se tivesse, teria permanecido como juiz federal ou ministro da Justiça. Também não tenho a necessidade de foro privilegiado ou outros privilégios que sempre repudiei. Aliás, não serei candidato a deputado federal", completou, na sequência.
Moro fez a troca de legenda no penúltimo dia da janela partidária, que se encerra nesta sexta-feira (1). Até então, o ex-ministro da Justiça estava filiado ao Podemos e vinha oscilando entre a 3ª e a 4ª colocação nas pesquisas para Presidente, sem chegar a alcançar dois dígitos de intenção de voto. Um dos motivos para a troca de legenda teria sido financeiro.
"A mudança de partido foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor", concluiu o ex-juiz.
Podemos rebate Moro
Horas depois do anúncio feito por Moro, ontem, a presidente do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP), contou outra versão e disse que soube da mudança por meio da imprensa sobre, em nota enviada à imprensa.
"Para a surpresa de todos, tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares souberam via imprensa da nova filiação de Moro, sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável", disse ela.
Renata Abreu ressaltou ainda que o Podemos sempre respeitou o "momento de vida profissional e pessoal" de Moro. Segundo a presidente, a sigla ficou por mais de um ano conversando com ele até a filiação e lançamento da pré-candidatura, e em busca de "oferecer ao Brasil uma esperança contra a polarização dos extremos".
A carta também pontua que, apesar de não ter "a grandeza financeira" de outros partidos, o Podemos "sonha grande". O comunicado ressalta, ainda, que "não mediu esforços" para garantir tudo que fosse preciso para uma "pré-campanha robusta", e citou o evento de filiação, assim como os apoios fornecidos a Moro para que ele pudesse circular em segurança pelo Brasil.
Bolsonaro de olho nos votos de Moro
Antes da nova declaração de Moro, o presidente Bolsonaro chegou a concluir em conversa com aliados que herdaria a maioria dos 8% de votos que o Datafolha atribui ao ex-ministro, segundo informou o colunista do UOL Josias de Souza.
Ele considerava que o provável reforço reduziria a "zero" a possibilidade de surgir um candidato alternativo capaz de retirá-lo do segundo turno. Compartilhavam da mesma opinião, até então, o filho Flávio Bolsonaro, que coordena a campanha; Valdemar Costa Neto, dono do PL; e Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil..
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