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'O PSDB pode estar vivendo uma fase terminal', afirma Aloysio Nunes

O ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes - Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Colaboração para o UOL, em Maceió

11/04/2022 16h32

O ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes afirmou que o PSDB vive uma situação crítica e "pode estar em fase terminal", dado o atual cenário da sigla, que deixou de ser protagonista na corrida ao Palácio do Planalto, perdeu relevância em âmbito nacional e vive hoje uma crise interna.

"O PSDB pode estar vivendo uma fase terminal porque não conseguiu no governo Bolsonaro se colocar como oposição clara, nem a favor, nem contra, [e manteve] uma posição nebulosa", afirmou o ex-senador em entrevista à CNN Brasil.

Nunes avaliou que a situação vivenciada entre os ex-governadores tucanos João Doria e Eduardo Leite, de São Paulo e do Rio Grande do Sul, respectivamente, está "muito mal", e que, hoje, o PSDB não tem chances de disputar o pleito presidencial, pois mesmo o nome escolhido pelo partido nas prévias do ano passado, Doria, "é visto como uma pessoa que não tem mais condições de ser candidato".

"É uma coisa difícil. O PSDB lança um candidato, e depois o mundo segue como se nada tivesse acontecido", declarou, ressaltando que, para muitos, Leite e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) têm mais condições de serem candidatos ao Planalto que o ex-governador paulista, mas, para ele, em termos de pesquisas eleitorais com intenções de votos, os três são igualmente "indigentes".

Na entrevista, Aloysio Nunes afirmou respeitar a "ambição" política de Eduardo Leite de insistir em sua candidatura à Presidência, mesmo após perder as prévias do partido, mas disse não saber com exatidão o que de fato ele pensa ser o melhor para o país.

"Eduardo Leite perdeu a prévia, depois se coloca novamente [como pré-candidato]. Ele tem direito de cultivar a ambição dele, mas eu acho que faria melhor se dissesse o que pensa sobre o Brasil, [porque] eu não consigo saber. [Ele] é uma pessoa muito simpática, é um bom nome à procura de uma ideia", disse.

Em relação ao futuro do PSDB, Aloysio Nunes disse torcer para que o partido consiga recuperar a grandeza de outrora e apontou que os tucanos necessitam construir "uma linha política minimamente compartilhada entre seus membros", para que a existência da legenda deixe de ser ameaçada.

"O que precisaria ser feito é, passadas as eleições, porque não creio que tenhamos hoje condições de eleger um candidato do PSDB à presidência da República, deveria se começar uma caminhada, ter uma proposta capaz de unificar o partido, e se posicionar, ainda que com menos parlamentares, com menos gente, se posicionar com algum tipo de coerência, unidade interna", opinou.

Nunes ponderou que a desunião no PSDB ficou em evidência nos últimos três anos, quando eles deixaram de manter uma posição clara em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), seja em defesa ou como oposição. Pelo contrário, o que se observou, segundo ele, "é que desde o início do governo, o PSDB ficou à deriva".

"Uma boa parte dos nossos parlamentes se achegou ao governo para participar do pedaço dessas emendas de relator, uma nomeação aqui, e o PSDB ficou inerte diante de fatos gravíssimos que ocorreram na política brasileira e na administração do governo Bolsonaro."

Por fim, Aloysio Nunes reforçou a importância de que o PSDB continue à frente do estado de São Paulo e não perca a hegemonia que já dura décadas no estado mais importante do país.

"Eu acho que hoje a vitória do PSDB em São Paulo é um elemento importantíssimo para a permanência do PSDB como força política relevante", completou.

Porém, conforme o Datafolha mostrou, o candidato da legenda ao Executivo estadual, Rodrigo Garcia, aparece na quarta colocação, atrás de Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB) e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).