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Show em que Daniela Mercury apoiou Lula custou R$ 100 mil à cidade de SP

Do UOL, em São Paulo

04/05/2022 13h44Atualizada em 04/05/2022 17h07

A Prefeitura de São Paulo pagou R$ 100 mil pelo show da cantora Daniela Mercury na praça Charles Miller, durante evento de sete centrais sindicais no Dia do Trabalhador, segundo publicado ontem no Diário Oficial da Cidade de São Paulo. O show aconteceu após o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participou do ato.

Apesar de constar no Diário Oficial do município, a assessoria da cantora negou que o show foi contratado pela prefeitura e afirmou que o acerto da performance ocorreu "pela produtora MGioria Comunicações. O valor do cachê foi quitado integralmente pela MGioria. A produtora da artista esclarece que não recebeu nem receberá nenhum recurso da prefeitura".

Durante o show, Daniela Mercury levantou uma bandeira do PT, declarou voto ao petista e entoou frases como "Tem que ser Lula" e "Eu quero Lula".

A coluna de Mônica Bergamo, na Folha, informa que a cantora recebeu R$ 160 mil das centrais sindicais pelo show, e não da prefeitura. A produção da artista diz que assinou um contrato com a administração municipal, mas ele acabou cancelado, já que o acerto inicial dizia que Mercury seria contratada pela produtora MGiora Comunicações, que organiza o evento para as centrais.

Ainda segundo a Folha, por esse contrato com a MGiora, ao qual a coluna teve acesso, a cantora recebeu em duas parcelas de R$ 80 mil.

No Diário Oficial, consta que o show de Mercury foi contratado pela Secretaria Municipal de Cultura da capital paulista, por intermédio de Califórnia Produções e Edições Artísticas.

O UOL entrou em contato com a assessoria da prefeitura de São Paulo, que informou que as contratações artísticas para o evento foram realizadas em atendimento a emenda do vereador Sidney Cruz (SD) - apresentada em 28/04/2022, no montante de R$ 360.000,00, dos quais foram utilizados R$ 187 mil. Outros vereadores também apresentaram emendas parlamentares para as festas do 1º de maio, como Alfredinho (PT) e Eduardo Suplicy (PT), que destinaram recursos para contribuir com a estrutura do evento.

"Esclarecemos que a apresentação de emenda parlamentar é um direito de todos os vereadores, que têm total autonomia para indicar onde os recursos devem ser aplicados, restando ao órgão executor - no caso, a Secretaria de Cultura - a averiguação da documentação dos contratados, se os valores estão dentro da média de mercado e o cumprimento das normas e determinações de órgãos de controle. Além disso, o evento de 1º de Maio é organizado e realizado, anualmente, pelas centrais sindicais, responsáveis pela curadoria e conteúdo exposto durante o evento", diz nota.

O UOL entrou em contato com a produtora MGiora e aguarda um retorno.

Pagamento via emendas parlamentares, dizem sindicatos

O evento também foi usado para manifestar apoio a Lula. Membros de centrais sindicais e de movimentos sociais hasteavam bandeiras e distribuíram panfletos.

Em nota, presidentes de sete centrais sindicais, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores), afirmam que, "encerrado o ato político, foram realizadas apresentações artísticas contratadas via emendas parlamentares".

As entidades dizem que "o uso das emendas parlamentares para a realização de festas populares é respaldado pela lei orçamentária do município, que permite a vereadores e vereadoras destinar o valor das emendas a atividades culturais com apresentações artísticas abertas ao público".

O evento de 1º de Maio é tradicionalmente organizado pelas centrais sindicais brasileiras, mas em 2022 ganhou um significado a mais pela proximidade das eleições. Lula usou seu discurso para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputará a reeleição.

Além de Daniela, o rapper Dexter também se apresentou no palco montado na praça Charles Miller ao lado de Eduardo Suplicy. Apesar de público menor que o esperado, a ala da esquerda circulou em peso no evento, incluindo José Dirceu, Guilherme Boulos e Fernando Haddad.