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No RS, Bolsonaro volta a atacar Petrobras: 'Fatura às custas do povo'

Bolsonaro discursa na Fenasoja (Feira Nacional da Soja), em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul - Reprodução/TV Brasil
Bolsonaro discursa na Fenasoja (Feira Nacional da Soja), em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul Imagem: Reprodução/TV Brasil

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

07/05/2022 13h14Atualizada em 09/05/2022 17h04

Em discurso na Fenasoja (Feira Nacional da Soja), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou hoje a atacar a Petrobras, disse que o país "não aguenta mais um reajuste de combustível" e afirmou que a estatal "fatura dezena de bilhões de reais por ano às custas do nosso povo brasileiro".

Bolsonaro chegou à Fenasoja depois de participar de uma motociata na cidade de Santa Rosa, no interior do Rio Grande do Sul. O percurso foi realizado até o local do evento, a Arena de Shows do Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson. A cerimônia marca o encerramento da temporada de colheita da soja no país.

"Temos um governo que acusam, mas nada provam, sobre corrupção. Esta semana vocês estão conhecendo um pouco mais do que é a Petrobras aqui no Brasil. Temos nichos, redutos ainda em nosso governo, espalhados por todo o Brasil, que não entenderam que todos nós estamos no mesmo barco", disse.

Eles [Petrobras] sabem que o Brasil não aguenta mais um reajuste de combustível numa empresa que fatura dezena de bilhões de reais por ano às custas do nosso povo brasileiro."
Jair Bolsonaro

Em live realizada na quinta-feira (5), Bolsonaro deu uma declaração distorcida também com o objetivo de atacar a Petrobras, maior estatal do país, e omitiu na ocasião que o governo é o acionista controlador —ou seja, o lucro da empresa garante verba para o caixa do governo e financia políticas públicas.

Durante a transmissão via Facebook, o presidente disse considerar que o lucro de R$ 44,5 bilhões da Petrobras —que dispararam no primeiro trimestre do ano e bateram recorde em 2021— é um "estupro" e "um absurdo".

Sem mencionar que a União é dona da maior fatia das ações da petrolífera, Bolsonaro afirmou ainda que "o sacrifício do povo brasileiro" mantém "pensões gordas fora do Brasil".

A Petrobras não é uma estatal, é uma economia mista. Eu sei que deve satisfação a acionista, sei disso. Agora, que acionistas são esses? Em grande parte, são empresas de fundo de pensão dos Estados Unidos. Nós, com o sacrifício do povo brasileiro, estamos mantendo pensões gordas fora do Brasil."
Jair Bolsonaro

Não é bem assim

A declaração é distorcida, pois trata informações reais de forma enganosa. Apesar de acionistas estrangeiros representarem uma fatia relevante da composição acionária da Petrobras (45,12% do total), a maior parte das ações está nas mãos de brasileiros, segundo dados da própria companhia referentes a março.

Além disso, o estatuto da empresa obriga que a União —ou seja, o governo— seja o acionista controlador da companhia.

Sendo assim, a Petrobras é uma sociedade de economia mista, com capital público e privado, mas continua sendo controlada pelo Estado brasileiro. Em março, a União tinha 28,67% do capital total da Petrobras, ainda a maior fatia entre todos os grupos acionistas, e a maioria (50,26%) das ações ordinárias — ou seja, as que dão direito a voto.

Com isso, quando a Petrobras lucra, o caixa da União engorda. O lucro recorde da petroleira no ano passado rendeu mais de R$ 37 bilhões ao Tesouro Nacional.

Agronegócio

O agronegócio é um setor fundamental na base política de apoio a Bolsonaro, que será candidato à reeleição em outubro.

O governante se dirige constantemente a fazendeiros e produtores rurais, é defensor de pautas de interesse do setor (como a permissão para explorar terras indígenas) e conta com a adesão em massa de deputados federais que fazem parte das bancadas afins —como a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária).

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Bolsonaro participa de motociata e leva na garupa o prefeito de Santa Rosa, Anderson Mantei
Imagem: Reprodução/Facebook

Durante o discurso na Fenasoja, Bolsonaro mencionou a entrega de títulos de propriedade como uma política de interesse do agronegócio.

"Temos aqui uma parte do nosso agronegócio, que vocês bem sabem a importância que dou para o trabalho de vocês. Por isso, lá atrás, procuramos cada vez mais titular terras pelo Brasil para afastarmos as invasões do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]".