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Milton Ribeiro: tiro em aeroporto e homofobia: relembre as polêmicas

Do UOL, em São Paulo

22/06/2022 09h57Atualizada em 22/06/2022 10h39

Preso preventivamente na manhã de hoje durante operação da Polícia Federal, que apura suspeitas de corrupção e tráfico de influência na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro acumulou uma série de polêmicas enquanto esteve no comando da pasta.

Ribeiro deixou o cargo uma semana após a divulgação, pela Folha de S. Paulo, de um áudio em que ele afirma que o governo federal prioriza prefeituras ligadas a dois pastores —que não têm vínculo formal com a gestão pública.

A seguir, relembre algumas das polêmicas.

Tiro acidental em aeroporto

Em abril, após deixar o cargo no Ministério da Educação, Ribeiro disparou um tiro acidental no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, quando estava no balcão da Latam. Uma funcionária da Gol que estava no guichê ao lado foi atingida por estilhaços, mas sem gravidade.

"A arma já foi devolvida pelo delegado da Polícia Federal ao ex-ministro Milton Ribeiro porque prevaleceu o entendimento de que tudo não passou de um acidente provocado por um cuidado excessivo de não tirar a arma de dentro do bolso em público, a fim de não expor nem constranger as pessoas presentes. Trata-se de um incidente passado, que não afetou ninguém e que ocorreu enquanto ele deixava seu apartamento funcional, em Brasília, durante processo de mudança para São Paulo", disse a defesa ao UOL à epoca.

Declaração homofóbica

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em setembro de 2020, o pastor disse que o "homossexualismo" acontece em "famílias desajustadas".

"Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe", disse o ministro, na ocasião.

"Ribeiro também argumentou que a orientação sexual de uma pessoa pode ser opcional. "Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí", completou.

Em janeiro deste ano, Ribeiro foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo crime de homofobia.

Incomodou a primeira-dama

Outra declaração do pastor enquanto chefe do MEC, e que incomodou inclusive a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que atua em prol da comunidade surda, ocorreu em agosto de 2021. À época, o então ministro afirmou que existem crianças com "um grau de deficiência que é impossível a convivência" nas escolas.

"Nós temos hoje 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência", disse Ribeiro. Depois da repercussão, ele pediu desculpas nas redes sociais.

"Universidade para poucos"

Dias antes dessa fala, o então ministro havia dito que a universidade deveria ser um espaço de acesso "para poucos" e que os institutos federais deveriam ser os verdadeiros protagonistas no futuro.

"A universidade, na verdade, ela deveria ser para poucos nesse sentido de ser útil à sociedade", disse ele.

Para sustentar a sua visão sobre o futuro da educação no país, Ribeiro afirmou que hoje o Brasil tem uma série de engenheiros e advogados "dirigindo Uber" por falta de colocação no mercado de trabalho.

"Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande", avaliou o ministro durante o programa Sem Censura.

Imagem em Bíblia

Exemplares de Bíblias doados em um evento organizado pelo MEC na cidade de Salinópolis, no Pará, continham fotos de Ribeiro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em março de 2022.

Os religiosos são suspeitos de pedirem propina em barra de ouro para intermediar reuniões com o ministério e conseguir a liberação de verbas.

Segundo o jornal, as Bíblias foram doadas na tarde de 3 de julho de 2021 em um encontro entre prefeitos e secretários municipais do estado do Pará, e teve a presença de Milton Ribeiro e dos dois pastores.

Após a reportagem, Milton Ribeiro afirmou em suas redes sociais que autorizou a produção de bíblias com a sua imagem e a distribuição gratuita delas em eventos religiosos.