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Bolsonaro sobre prisão de Milton Ribeiro: 'Que responda pelos atos dele'

Do UOL, em São Paulo

22/06/2022 09h33Atualizada em 22/06/2022 11h36

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso hoje pela Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência no MEC (Ministério da Educação), deve responder "pelos atos dele".

Se tem prisão, é PF, é sinal que a PF está agindo. Que ele responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas se tem problema, a PF está agindo, está investigando. É sinal que eu não interfiro na PF, porque isso vai respingar em mim, obviamente.
Presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à rádio Itatiaia

Além de Ribeiro, também foi preso o pastor Gilmar Silva dos Santos. Em março, um áudio obtido pela Folha revelou que o governo federal priorizava a liberação de recursos a prefeituras indicadas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura Correia, que não têm cargos oficiais no MEC, mas atuavam como lobistas na pasta.

"Pelo o que estou sabendo, é aquela questão que ele estaria com uma conversa informal demais com algumas pessoas de confiança dele. Houve denúncia de que ele teria buscado prefeito, gente dele, para negociar, para liberar recursos, isso e aquilo", afirmou.

Na gravação, Milton Ribeiro diz que isso atende a uma solicitação de Jair Bolsonaro. Após a divulgação do áudio, o prefeito do município de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), disse que o pastor Arilton Moura solicitou R$ 15 mil antecipados para protocolar as demandas da cidade, além de um quilo de ouro.

Após a divulgação do áudio, Ribeiro foi pressionado a deixar o cargo, o que irritou Bolsonaro na época.

Bolsonaro, em março: "Boto a cara no fogo pelo Milton"

Em transmissão ao vivo em março, o presidente chegou a dizer que colocaria "a cara inteira no fogo" pelo então ministro.

"O Milton, coisa rara eu falar aqui, eu boto a minha cara no fogo pelo Milton. Minha cara toda no fogo pelo Milton", disse. Bolsonaro ainda classificou como "covardia" a pressão para que Milton Ribeiro deixasse o cargo — o que aconteceu no dia 28 de março — e disse que a situação expressava, em sua visão, a falta de corrupção em seu governo.

"Por que não tem corrupção no meu governo? Porque a gente age dessa maneira. A gente sempre está um passo a frente. Ninguém pode pegar alguém e dizer 'ó, você está desviando'. Tem que ter prova, poxa, se não é uma ação contra a gente", afirmou à época.

Já na entrevista concedida hoje à Itatiaia, o presidente da República disse que sua responsabilidade era "afastar e colaborar na investigação". "Tenho 23 ministros, uma centena de secretários, mais de 20 mil cargos em comissão. Se alguém faz algo errado, vai botar culpa em mim?".

Operação

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos. A ação foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de "tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos" do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

A PF identificou indícios de crimes na liberação de verbas do fundo com base em documentos, depoimentos e um relatório do CGU (Controladoria-Geral da União) — há três semanas, um novo documento do CGU apontou sobrepreço em edital do FNDE.