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Ribeiro vendeu carro a filha de pastor por preço de mercado, diz defesa

Milton Ribeiro (à direita de Bolsonaro) e pastores Gilmar Santos e Arilton Moura (à direita de Ribeiro) são os alvos principais da operação da Polícia Federal - Catarina Chaves / MEC
Milton Ribeiro (à direita de Bolsonaro) e pastores Gilmar Santos e Arilton Moura (à direita de Ribeiro) são os alvos principais da operação da Polícia Federal Imagem: Catarina Chaves / MEC

Do UOL, em São Paulo

23/06/2022 11h00Atualizada em 23/06/2022 14h34

Daniel Bialski, advogado de Milton Ribeiro, detalhou hoje o depósito de R$ 50 mil encontrado na conta da esposa do ex-ministro da Educação. Em entrevista ao canal GloboNews, Bialski disse que o valor é referente à venda de um carro à filha do pastor Arilton Moura, que também foi preso ontem em operação que investiga supostos desvios de verba do MEC. Segundo ele, a operação foi feita a "valor de mercado", e não houve nenhuma irregularidade.

"O carro era uma EcoSport, vendida pelo preço de mercado. O carro de propriedade do ministro foi vendido para a filha do pastor Arilton, uma venda regular, normal, não há nem como se cogitar qualquer tipo de ilicitude", disse Bialski, acrescentando que não sabe quem foi o autor do depósito.

Segundo ele, o carro foi negociado a R$ 60 mil. Os R$ 10 mil restantes foram entregues de outra forma, que Bialski não detalhou.

Documento do Ministério Público Federal obtido pelo UOL mostra que o carro vendido pela esposa de Milton Ribeiro era um Kia Sportage EX2 2015/2016, não uma EcoSport, como dito por Bialski. De acordo com a tabela Fipe, o valor de referência desse automóvel em fevereiro, mês em que aconteceu a negociação, era de R$ 92 mil. Logo, a família Ribeiro teria vendido o carro por R$ 30 mil a menos que o preço de mercado.

A reportagem entrou em contato com Bialski, que afirmou ter se confundido com os modelos dos veículos, e que "ninguém vende carro pelo valor da tabela Fipe". Ele disse também não saber qual era o estado do automóvel, se havia multas ou impostos pendentes, mas que iria verificar os detalhes com o ex-ministro.

Presos ontem, Milton Ribeiro, Arilton Moura, o pastor Gilmar Santos, o advogado Luciano Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu tiveram a soltura decretada pelo TRF-1 nesta quinta. Todos são investigados pelo 'gabinete paralelo' instalado no MEC, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas.

A Polícia Federal informou que, com base em documentos, depoimentos e relatório de investigação preliminar da Controladoria-Geral da União (CGU), 'foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas'.

'Prisão política'

O defensor afirmou ainda acreditar que a detenção de Ribeiro se trata de uma "prisão política".

"A prisão me choca porque parece muito mais uma prisão politica, para trazer requinte no debate dos candidatos que estão polarizando quem vai ser o próximo presidente da República. Não vejo justificativa, mesmo não tendo visto o processo, para que se decrete prisão passado tanto tempo [dos fatos]", afirmou.

Bialski é também advogado da mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), Michelle, em diversos casos. Ele negou, porém, que tenha sido acionado pelo governo.

"Recebi um telefonema seu [de Ribeiro] às 6h ontem, dizendo que a Polícia Federal estava cumprindo mandado e se eu podia assumir a causa. Ninguém do governo me pediu para defendê-lo e foi o próprio quem me telefonou".