Topo

Bolsonaro diz que eleição será 'limpa', mas ensaia 'desconfiança futura'

Do UOL, em Brasília

25/07/2022 14h22Atualizada em 25/07/2022 15h06

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje considerar que país terá "eleições limpas" em outubro, mas abriu caminho à possibilidade de contestações em caso de derrota. Segundo ele, autoridades devem "lealdade ao povo" e devem fazer "as coisas da melhor maneira possível sem que haja desconfiança futura". Para o chefe do Executivo e candidato à reeleição, "assim é viver em paz".

Bolsonaro tem questionado sistematicamente a confiabilidade das urnas eletrônicas e a lisura da cúpula do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na figura do ex-presidente da Corte, ministro Edson Fachin, o mandatário do Palácio já insinuou categoricamente que o processo eleitoral estaria sendo conduzido com o objetivo de favorecer o principal oponente no pleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bolsonaro também faz ataques recorrentes ao atual presidente do TSE, Alexandre de Moraes, com quem tem desavenças pessoais desde 2020 —quando o ministro, um dos membros do Supremo Tribunal Federal, barrou a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, para o comando da Polícia Federal. No auge dos atritos entre os dois, durante os atos de 7 de setembro do ano passado, o governante chamou o integrante do STF de "canalha".

As declarações de hoje ocorreram durante um almoço do qual o presidente da República participou em São Paulo. Ele foi o convidado principal do Grupo Voto para o "Ciclo Brasil de Ideias", cujo mote era a inclusão da mulher na política.

Nós vamos, sim, ter eleições limpas no corrente ano, transparentes. Não temos uma guerra com ninguém. Aqui não tem ditador no Brasil. Não interessa em qual poder esteja. Nós devemos lealdade ao nosso povo, fazer as coisas da melhor maneira possível sem que haja desconfiança futura... Assim é viver em paz
Jair Bolsonaro

A participação no evento faz parte da estratégia da campanha de Bolsonaro para enfrentar a alta taxa de rejeição em relação ao eleitorado feminino —de acordo com as pesquisas de opinião, a maioria das mulheres diverge do bolsonarismo. Amostra do Datafolha divulgada no fim de junho aponta que o candidato à reeleição tem 61% de rejeição entre as votantes.

Durante o discurso de hoje, realizado um dia depois da convenção nacional do PL (que oficializou a sua candidatura), Bolsonaro tentou falar de forma descontraída com as empresárias do grupo Voto presentes no almoço. Em momentos distintos, ele buscou enfatizar que o governo 'se preocupa com as mulheres".

Bolsonaro chegou a dizer que, dentro do governo, as mulheres "conseguiram praticamente tudo". O governante não ponderou, por outro lado, que a maioria dos cargos de confiança na gestão federal, assim como as nomeações políticas, privilegiam os homens.

"Nós nos preocupamos sim. Sabemos que vocês são diferentes, para melhor... E, dentro do governo, o que vocês querem... E praticamente conseguiram quase tudo, né. Falta pouca coisa aí... É igualdade para que possam desenvolver as suas atividades. Cada vez mais serem reconhecidas na sociedade. Participar do futuro do nosso Brasil. E vocês têm muito mais sensibilidade do que nós."

"Elas [mulheres] sempre foram essenciais, obviamente. Eu não consigo viver sem uma. E nós sabemos que a última palavra sempre é de vocês. Não adianta a gente querer dizer que é diferente... E 99% das vezes vocês têm razão. Eu só sou contra quando a minha quer fazer alguma coisa na hora do jogo do Palmeiras... O resto, eu topo qualquer coisa, sem problema nenhum."