Topo

Após Pros selar apoio a Lula, Marçal ameaça ir à Justiça por candidatura

Pablo Marçal (Pros) lança candidatura a presidente da República durante convenção partidária em Brasília - Reprodução/Instagram/Pablo Marçal
Pablo Marçal (Pros) lança candidatura a presidente da República durante convenção partidária em Brasília Imagem: Reprodução/Instagram/Pablo Marçal

Do UOL, em São Paulo

03/08/2022 13h40Atualizada em 03/08/2022 21h14

O coach Pablo Marçal (Pros) anunciou hoje (3) que vai entrar na Justiça para manter sua candidatura à Presidência da República depois que a Executiva Nacional do partido declarou apoio à chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

O anúncio de Marçal, feito em seu canal no YouTube, ocorre apenas três dias depois de o coach e empresário ter sido alçado à disputa em convenção do partido, no último domingo (31). O Pros passa atualmente por uma disputa interna entre lideranças e a direção atual, que assumiu na última segunda-feira (1º) e era contra candidatura própria.

O acordo com o PT foi fechado em reunião no início da tarde de hoje, entre Eurípedes Júnior, fundador e atual presidente do Pros, e a coordenação da campanha lulista. O encontro ocorreu em São Paulo, na Fundação Perseu Abramo —ligada ao PT—, na hora do almoço.

Além de Eurípedes e Alckmin, participaram Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da campanha de Lula; Felipe Espírito Santo, presidente da Fundação da Ordem Social, ligada ao Pros; e Bruno Pena, advogado do Pros.

Em viagem ao Nordeste nesta semana, Lula e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), não participaram do encontro, mas já foram informados do resultado.

Disputa interna do partido

O Pros, que apoiou o PT nas duas últimas eleições nacionais com Dilma Rousseff (2014) e Haddad (2018), lançou o coach, empresário e influencer Pablo Marçal em convenção, em Brasília. É a primeira vez que o partido disputaria o cargo e a primeira vez que Marçal pleitearia um cargo público.

O problema é que o partido passa por uma longa disputa judicial que inclui a permanência de Eurípedes na presidência. Depois de cinco meses afastado, ele retomou o direito de dirigir o Pros também no último domingo, por meio de decisão do ministro Jorge Mussi, vice-presidente do STJ (Supremo Tribunal de Justiça).

Reunião da executiva nacional do Pros com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e a coordenação da campanha de Lula (PT) em São Paulo - Dmark/FPA - Dmark/FPA
Reunião da executiva nacional do Pros com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e a coordenação da campanha de Lula (PT) em São Paulo
Imagem: Dmark/FPA

Em uma queda de braço com o ex-presidente Marcus Holanda (Pros), que ocupou o posto entre março e julho deste ano e era o principal fiador da candidatura de Marçal ao Planalto, Eurípedes se colocou contra o lançamento de Marçal e, junto à nova Executiva Nacional, juntou-se mais uma vez ao PT.

Mais cedo, por meio de nota, a assessoria de Marçal havia afirmado que a cúpula do partido "não teria o amparo legal para mudar os rumos de uma convenção" e que o coach seguiria como pré-candidato. Às 17h30, no entanto, anunciou uma coletiva de imprensa para as 20h para anunciar o que chamou "renúncia" —sem dar detalhes.

Na entrevista, transmitida em seu canal no YouTube, ele afirmou que vai entrar na Justiça para manter seu nome na corrida eleitoral.

Apoio ao PT oficializado

Segundo combinado na reunião, a oficialização do apoio do Pros à chapa de Lula deverá ocorrer em uma nova convenção partidária —esta presidida por Eurípedes —na próxima sexta (5), data limite estabelecida pela Justiça Eleitoral para estes eventos. A expectativa é que o partido anuncie, ainda, apoio à chapa de Fernando Haddad (PT) em São Paulo.

Com isso, o Pros se torna o oitavo partido a se unir à campanha de Lula. Além de PT e PSB, da chapa principal, a aliança conta ainda com PCdoB e PV —que compõe federação com o PT—, PSOL, Rede e Solidariedade. Segundo membros da campanha, as principais propostas apresentadas pelo Pros se voltam à economia, em especial à situação dos endividados.

O acordo se dá em meio a uma tentativa da campanha de Lula de reduzir o número de candidatos ao Planalto para aumentar a chance de vitória no primeiro turno. Atualmente, a campanha petista também negocia a adesão do Avante e do deputado André Janones (Avante-MG), pré-candidato da sigla que já indicou possibilidade de desistência em prol de Lula.

As executivas dos dois partidos e direções de campanhas deverão se encontrar amanhã em São Paulo e definir a aliança.