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Democracia, respeito e união de setores: 10 falas que resumem ato na USP

Do UOL, em São Paulo

11/08/2022 15h39

Acadêmicos, empresários, políticos e líderes sindicais discursaram sobre o direito ao voto e à liberdade hoje (11) durante o ato em defesa da democracia, na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), no centro da capital paulista.

No encontro, foram lidos dois manifestos redigidos diante da intensificação de ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores às urnas eletrônicas, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Um deles foi elaborado por juristas ligados à Faculdade de Direito da USP. O outro foi capitaneado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e assinado por mais de cem entidades.

Por que foram escritas as cartas? No dia 18 de julho, Bolsonaro convocou embaixadores estrangeiros para uma reunião na qual mentiu a respeito do funcionamento das urnas eletrônicas, mencionando suspeitas de fraude já desmentidas pela Justiça Eleitoral. O encontro foi transmitido ao vivo pela TV Brasil, uma emissora pública.

Menos de dez dias após o ocorrido, a Faculdade de Direito da USP divulgou a "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" (a íntegra pode ser lida aqui).

O UOL separou 10 frases ditas ao longo do ato e que resumem o teor do evento:

A democracia brasileira está sendo atacada e ameaçada pelo atual presidente
Fabio Gaspar, presidente do SASP (Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo)

Dada a gravidade do momento que vivemos, todos foram capazes --de maneira sublime, generosa-- de transcender as suas diferenças, transcender as suas lutas para se juntar em uma única luta que é a democracia
Oscar Vilhena Vieira, advogado e membro do comitê que elaborou a carta

Defesa do voto. Na esteira da carta elaborada pela USP, a Fiesp elaborou o manifesto "Em Defesa da Democracia e da Justiça", no qual mais de 100 entidades saem em defesa da soberania do voto. Apoiam o documento instituições como Febraban (Federação Brasileira de Bancos), OAB-SP, Greenpeace, WWF e as universidades USP, Unicamp, Unesp e PUC-SP.

A íntegra do manifesto da Fiesp pode ser lida aqui.

Queremos eleições livres e tranquilas. Queremos um processo eleitoral sem fake news, pós-verdades ou intimidações
Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP

Às vezes, nos esquecemos que as sociedades mais prósperas do planeta --onde reina a solidariedade, a liberdade, a prosperidade-- são todas democracias. Todas
Armínio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central

Nós temos uma Constituição. E tudo está dito lá. Respeitemos
Horácio Lafer Piva, empresário e ex-presidente da Fiesp

Com todas as assinaturas, se colocadas em linha reta, [a carta] alcança aproximadamente 70 mil metros; para se ter noção, a extensão da Esplanada dos Ministérios tem apenas 16 mil metros
Francisco Canindé Pegado, da União Geral dos Trabalhadores

Apoiadores. A fala remete às mais de 900 mil assinaturas da carta. São signatários políticos, juristas, artistas, ex-ministros, membros da sociedade civil e até candidatos nas eleições de 2022.

Aderiram ao documento os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d'Avila (Novo), José Maria Eymael (DC), Leonardo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Aqui, nós temos a reunião de sindicalistas, de empresários e de movimentos da sociedade civil, o que mostra que as eleições já tem um vencedor: este vencedor é o sistema eleitoral
Celso Campilongo, diretor da faculdade de direito da USP

Tudo que nós temos é porque pessoas morreram, foram perseguidas, tiveram que sair do país para que nós tivéssemos isso hoje
Patrícia Vanzolini, presidente OAB-SP

Inspiração

A "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" foi inspirada em outro manifesto feito por juristas ligados à USP durante a ditadura militar: a "Carta aos Brasileiros de 1977", elaborada pelo ex-professor Goffredo da Silva Telles Jr.

Tanto o teor do texto quanto a leitura da carta em si, realizada na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro de São Paulo, mesmo palco do ato de hoje, são considerados um marco na resistência contra o regime militar.

Hoje é um outro momento, é um momento grandioso e diria talvez inédito em que capital e trabalho se juntam em defesa da democracia
José Carlos Dias, advogado e ex-ministro da Justiça

O ex-ministro, um dos idealizadores da carta de 1977, fez a leitura do manifesto da Fiesp no ato de hoje.

Isso não é um ato simbólico. É um ato concreto em defesa da nossa democracia
Miguel Torres, presidente da Força Sindical

Na última semana, Bolsonaro deu ao menos oito declarações contra os manifestos. No dia seguinte à divulgação da carta da USP, o presidente afirmou em convenção partidária que não precisa de nenhuma "cartinha" para defender a democracia.