Bolsonaro volta a elevar tom da crítica a Moraes
O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), voltou hoje a elevar o tom das críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.
O motivo: a insatisfação do governante com a operação realizada contra oito empresários bolsonaristas que, em conversa em um grupo de WhatsApp, defenderam ideias golpistas em hipótese de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição em outubro.
Nas últimas semanas, Bolsonaro vem tentando acumular menos atritos com o comando do Judiciário e, em ritmo de campanha eleitoral, passou a dedicar o grosso de sua artilharia contra o adversário nas urnas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a esquerda no Brasil e na América Latina. Em gesto de pacificação, o chefe do Executivo federal chegou a comparecer a posse de Moraes à frente do TSE, em 23 de agosto.
Ambos também estiveram juntos na posse da ministra Maria Thereza de Assis Moura no comando do STJ (Superior Tribunal de Justiça), na quinta (25). Foi a primeira vez que eles ficaram frente a frente após a operação da PF.
Moraes na mira. Hoje, em entrevista à CNN durante agenda de campanha em Vitória da Conquista (BA), Bolsonaro afirmou que a ação realizada pela Polícia Federal contra os empresários golpistas, com autorização do Supremo, é "descabida" e "desproporcional".
Disse ainda que a "liberdade está sendo agredida no país" e taxou de "ilegal" o inquérito conduzido por Moraes na Corte —que tem o objetivo de apurar a existência de uma organização criminosa digital responsável por atacar instituições democráticas. A operação da PF deriva dessa investigação.
É descabida, é desproporcional. Assim como medidas contra pessoas que têm suas páginas derrubadas. Pessoas acusadas de fake news. E quem são as pessoas que as acusam? As pessoas indicadas por esse próprio ministro. A liberdade está sendo agredida no nosso país. Não podemos admitir isso aí. E parabéns as federações que têm se posicionado, contrário a essa medida descabida, desproporcional e completamente ilegal, já que o inquérito é ilegal também
Jair Bolsonaro, em entrevista à CNN Brasil
O presidente e candidato à renovação do mandato por mais quatro anos afirmou considerar que "uma pessoa apenas no STF" quer "controlar a mídia social" e "botar limites na nossa liberdade".
Para Bolsonaro, "não existe golpismo".
"A liberdade não tem limites. Quem, porventura, extrapolar tem a lei para essa pessoa ser cobrada. Mas não pode uma pessoa só, em uma canetada, levar terror junto com a população, fazer operações descabidas em cima de oito empresários que produzem muito, trazem riquezas e pagam impostos para o País e serem tratados como golpistas. Não existe golpismo. O que nós queremos é transparência nas eleições. Havendo transparência, está tudo pacificado no Brasil."
Na operação realizada em 23 de agosto, policiais federais cumpriram oito mandados de busca e apreensão contra os empresários bolsonaristas. As mensagens com teor golpista —nas quais os investigadores sugerem ruptura democrática caso Bolsonaro seja derrotado por Lula— foram reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site "Metrópoles".
O UOL apurou que as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF e autorizadas por Moraes dentro do chamado inquérito das milícias digitais e envolveu 35 policiais federais. As buscas foram feitas em endereços de oito empresários em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Entre os alvos estão:
- Luciano Hang, da Havan - dois endereços em Brusque (SC) e um em Balneário Camboriú (SC)
- José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan - no Rio de Janeiro
- Ivan Wrobel, da Construtora W3 - no Rio de Janeiro
- José Koury, do Barra World Shopping - no Rio de Janeiro
- Luiz André Tissot, do Grupo Sierra - em Gramado (RS)
- Meyer Nigri, da Tecnisa - em São Paulo
- Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii - em Garopaba (SC)
- Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu - em Fortaleza
Além dos mandados de busca e apreensão, Moraes também determinou a quebra dos sigilos bancários e telemáticos dos alvos, além do bloqueio de contas em redes sociais.
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