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Oposição e ONG criticam Bolsonaro na ONU: 'Vergonha'; apoiadores elogiam

Jair Bolsonaro falou à Assembleia-Geral da ONU em Nova York - GETTY IMAGES
Jair Bolsonaro falou à Assembleia-Geral da ONU em Nova York Imagem: GETTY IMAGES

Colaboração para o UOL, em Brasília

20/09/2022 11h33Atualizada em 20/09/2022 13h21

Opositores do presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram hoje o discurso do mandatário na Assembleia-Geral da ONU enquanto apoiadores elogiaram. Na ocasião, o candidato à reeleição do Planalto afirmou defender a liberdade de expressão, disse repudiar a perseguição religiosa, e mencionou o lema de campanha "Deus, Pátria, família e liberdade".

Apoiadores elogiam Bolsonaro. O senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PL), comemorou a participação do pai no evento. "Grande dia! Bolsonaro cita fatos para mostrar o Brasil de verdade para o mundo, que está dando certo, completamente oposto ao que a mídia internacional militante divulga."

O candidato a deputado estadual bolsonarista Carmelo Neto (PL) disse que "o agro brasileiro que Lula chama de fascista, Bolsonaro exalta no discurso da ONU. Essa é a diferença".

O pastor Silas Malafaia comentou que Bolsonaro, em seu discurso na ONU, abriu as portas do Brasil para receber padres e freiras. "Eles são perseguidos pelo ditador da Nicarágua, que é apoiado por Lula", afirmou.

No início deste mês, a ministra Cármen Lúcia, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), determinou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apague em 24 horas publicações em redes sociais em que o congressista associa Lula a Nicarágua e que dizem que o petista apoia invasões de igrejas e perseguição a cristãos.

'Capacho de Putin', diz oposição. Ex-aliada de Bolsonaro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSDB-SP) lembrou que o Brasil não votou a favor da autorização do pronunciamento do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky na ONU. "O Brasil ficou ao lado da China, Bangladesh, El Salvador, Burundi, Irã, Iraque, Mongolia, Ubezequistao, Sri Lanka, Namibia. Bolsonaro é o capacho de Putin."

Em aceno às mulheres, Bolsonaro disse na ONU que a sanção de mais de 70 normas contra a violência desde o início de governo é prova cabal do compromisso com o tema.

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) criticou a declaração e ironizou os trejeitos do mandatário.

"Temos o pior orçamento da história para essa área! 90% dos recursos foram cortados. É por isso que as mulheres brasileiras vão derrotar esse sujeito. Um senhor com pouco mais de 60 anos foi visto apresentando confusão mental, dicção prejudicada e obsessão por mentir, agora há pouco na ONU", disse.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL) afirmou que Bolsonaro usou o agronegócio, também citado na ONU, para evitar falar sobre a fome no Brasil. "Ele tem coragem de falar que o Brasil é exemplo de preservação ambiental, enquanto bate recordes de queimadas", completou. O parlamentar ainda classificou o discurso como "vergonha mundial".

ONG contraria Bolsonaro e lembra ataques a jornalistas e cita 'mentira' sobre Amazônia. A organização Anistia Internacional disse que Bolsonaro mentiu ao dizer zelar pela paz e respeitar as diferenças. "Em seu governo, várias vezes ele incentivou ou realizou ataques a jornalistas, mulheres, ativistas, opositores... A propagação de discursos de ódio e a polarização política também são ameaças aos direitos humanos!"

O presidente disse que dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500, o que também foi rebatido pela ONG.

"Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional. A região amazônica abriga mais de 20 milhões de habitantes, entre eles indígenas e ribeirinhos, cuja subsistência depende de algum aproveitamento econômico da floresta. Levamos internet a mais de 11 mil escolas rurais e a mais de 500 comunidades indígenas", disse.

A ONG também reagiu às declarações: "Outra vez, Bolsonaro mente sobre a Amazônia: O desmatamento da floresta bateu recordes em sua gestão, e junto com ele, aumentaram também a violência contra povos indígenas e tradicionais. A floresta hoje QUEIMA E SANGRA, diante da omissão do Estado".