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Ex-Bope: Jefferson prova que tentou matar policiais ao dizer que usou mira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/10/2022 13h34

Antes de ser preso por agentes da Polícia Federal ontem (23), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) gravou vídeo dizendo que mirou com red dot (nome para a mira a laser da arma) em agentes da PF e, para o ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) Rodrigo Pimentel, isso é uma confissão de tentativa de homicídio por parte de Roberto Jefferson. Hoje, a PF (Polícia Federal) indiciou o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) por quatro tentativas de homicídio.

"Isso comprova uma tentativa de homicídio, ele deixa claro que é uma tentativa de homicídio", disse durante participação no UOL News.

Pimentel também falou sobre a habilidade do ex-deputado ao manusear o fuzil e atirar contra os policiais. Para ele, isso corrobora a tese de que o ex-deputado teria agido para matar os policiais.

"Você percebe que os tiros do para-brisa da viatura da Polícia Federal estavam agrupados, isso é um tiro com muita destreza. Toda vez que você atira, o cano da arma sobe um pouquinho, então quando você mantém o tiro muito concentrado é um sinal de destreza do atirador. Isso é uma prova que sim, Roberto Jefferson tentou matar os policiais federais".

Ainda durante participação no UOL News, o ex-capitão do Bope afirmou que o trabalho da perícia será de extrema importância para descobrir a procedência da granada utilizada pelo ex-deputado. A venda desse tipo de equipamento é proibida para civis.

"Quando essa granada explode ela deixa estilhaços e cada estilhaço tem um número de série. Então a perícia da Polícia Federal pode chegar ao lote de quem adquiriu essa granada e como ela chegou na mão do Roberto Jefferson".

Ex-Bope: Camaradagem entre Jefferson e policial é imagem vergonhosa para PF

"Quem atira em policial é bandido e deve ser tratado como bandido. Acho vergonhoso para a Polícia Federal ver uma imagem dessa e o tratamento dispensado ao Roberto Jefferson por um agente da Polícia Federal", disse Rodrigo Pimentel.

Ele ainda afirmou que, no momento em que as imagens foram feitas, o ex-deputado já estava rendido, não se tratava, portanto, de um procedimento de negociação. "Jefferson já deveria estar imobilizado e algemado. Não vi razão para esse tipo de comunicação e camaradagem, parece coisa de amigos. É lamentável ver essas imagens depois que o presidente Bolsonaro já tinha dito que quem atira em policial é bandido".

Perito: Mesmo CAC, Jefferson não poderia ter arma nem granada estando preso

"Evidentemente não há direito do preso em prisão domiciliar ter acesso a ferramentas de comunicação, a fazer uso de redes sociais e muito menos de ter armamento na sua residência. Não só existe a vedação de ter armamento por si só, como até sob a análise de legislações que permitem que um colecionador ou atirador esportivo venha a poder ter algum tipo de arma. Mesmo nessas condições de um CAC, não há permissões para que se tenha uma granada ativa", disse o perito Marcos Camargo, presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais).

Ele ainda afirmou que a prisão domiciliar segue o mesmo modelo de uma prisão convencional e possui as mesmas limitações, a não ser pelo fato de poder ficar em casa por alguma circunstância excepcional. Para o perito, houve alguma falha na fiscalização feita na casa do ex-deputado.

"Em princípio, quando há a concessão da prisão domiciliar, há uma varredura para justamente não dar acesso a esse tipo de informação. Então houve algum problema na varredura que não detectou isso ou alguém posteriormente trouxe esse material para a casa dele".

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