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Jefferson volta a ofender Cármen e diz que Moraes integra milícia judicial

O ex-deputado federal Roberto Jefferson, preso no domingo pela PF - Valter Campanato/Agência Brasil
O ex-deputado federal Roberto Jefferson, preso no domingo pela PF Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Do UOL, em Brasília

25/10/2022 15h50Atualizada em 25/10/2022 18h44

O ex-deputado Roberto Jefferson reforçou as ofensas contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), durante audiência de custódia realizada ontem (24) no Rio de Janeiro. Ele foi preso dias depois de chamar a magistrada de "bruxa" e compará-la a prostitutas.

Jefferson resistiu à prisão. Ele disparou 50 tiros de fuzil e arremessou três granadas na direção dos agentes que foram cumprir a decisão. A PF afirmou em relatório que o ex-deputado assumiu o risco de matar os policiais, e Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio.

Na audiência de custódia, Jefferson disse que tinha "absoluto desprezo" por Moraes e que pediria desculpas para as prostitutas por compará-las no vídeo divulgado na sexta-feira (21) à ministra Cármen Lúcia.

"Fiz um comentário mais duro contra o voto escandaloso da Min. Cármen Lúcia. Quero pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade", afirmou Jefferson.

Procurado pelo UOL, o STF diz que não comentará as declarações de Jefferson.

Em relação a Moraes, o ex-deputado disse que o ministro tem um "problema pessoal" com ele. Jefferson também criticou Edson Fachin, que presidiu o TSE antes do magistrado.

"Ele [Moraes] diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas", disse. "Por 3 (três) vezes, o min. Alexandre me humilhou na frente da minha esposa. Os policiais vão no quarto e na gaveta das roupas íntimas da minha mulher e as jogam no chão e pisam nas roupas como se pisassem na minha virilidade."

Jefferson atacou ainda a PGR (Procuradoria-Geral da República). Como mostrou o UOL, a equipe de Augusto Aras planejava enviar o ex-deputado para uma instituição psiquiátrica, por considerar que ele aparentava ter indícios de perturbação mental.

"Ele [Moraes] me humilhou e humilhou a minha Ana. A mesma fibra ele tem, como eu tenho, a audácia dos canalhas. Só que nós precisamos nos encontrar pessoalmente para discutir isso, se o Procurador não conseguir me colocar num manicômio, para encobrir os atos ilegais do Xandão. Pensei que a PGR tinha mais dignidade", afirmou.

O MM. Alexandre montou uma delegacia de polícia e uma Gestapo no seu gabinete. A PGR só protesta por escrito. Só vejo no jornal, mas a Procuradoria só aprova. A ditadura da toga está aí e eu não tenho a quem recorrer. Só a Deus. Tudo que eu peço no STF, cai com o Xandão. Estou sendo massacrado e agora ouço a pérola da PGR para me mandar para o hospital psiquiátrico. Tem gente no judiciário que precisa ir para o manicômio"
Roberto Jefferson, em audiência de custódia

Durante a audiência, a PGR rebateu Jefferson e disse que "sempre se manifesta por critério técnico-jurídico". A Procuradoria disse que só ontem, por volta das 13h, obteve os autos da prisão de Jefferson e que participa desde então de "tratativas com autoridades judiciais e da Polícia Federal para o encaminhamento do custodiado para hospital psiquiátrico e apreensão das armas de fogo".

O UOL procurou a PGR e aguarda eventual manifestação sobre as declarações do ex-deputado.

PF apreendeu mais de 7 mil munições

A PF encaminhou relatório de apreensões ao STF feitas na casa de Roberto Jefferson. Ao todo, mais de 7.000 cartuchos de munições para diferentes armas foram confiscadas da casa do ex-deputado, além de quatro carregadores de pistola Glock, oito coldres de pistola, dois coletes à prova de balas e uma pistola calibre 9 mm.

Durante a prisão, a PF também confiscou o fuzil usado por Jefferson para atirar contra os policiais. Também foram apreendidos um simulacro de pistola Glock e outro de fuzil, além de equipamentos eletrônicos do ex-deputado e seu passaporte.

Ao final da audiência, Jefferson foi mantido preso e, por volta das 20h de ontem, foi transferido para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, segundo informações da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária).