Quem é Silvio Almeida, que assume declarando 'não esquecer os esquecidos'?
Silvio Almeida assumiu o cargo de ministro dos Direitos Humanos do governo de Lula dizendo que recebeu um ministério "arrasado" e que atos da pasta baseados "no ódio" serão revistos. Jurista, professor e filósofo, ele é visto por acadêmicos como um dos maiores intelectuais brasileiros da sua geração.
Quem é Silvio Almeida:
- pós-doutor pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Mackenzie;
- presidente do Instituto Luiz Gama, que atua na defesa dos negros e das minorias no campo dos direitos humanos, e do Centro de Estudos Brasileiros do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa), para estudos sobre o processo de formação do Brasil pela ótica racial.
- autor do livro Racismo Estrutural, obra publicada em 2019 e um dos trabalhos mais influentes sobre o tema.
- filho do ex-goleiro Barbosinha, que jogou pelo Corinthians na década de 1960.
Em seu discurso de posse, Almeida citou, entre outras referências, um ditado iorubá, Luiz Gama, Martin Luther King e Carlos Drummond de Andrade.
Confira trechos marcantes:
Ele se comprometeu em "não esquecer os esquecidos" e disse o que chamou de "óbvio que foi negado nos últimos quatro anos":
Trabalhadoras e trabalhadores do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós.
Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós.
Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós.
Povos indígenas deste país, vocês existem e são valiosos para nós.
Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não binárias, vocês existem e são valiosas para nós.
Pessoas em situação de rua, vocês existem e são valiosas para nós.
Pessoas com deficiência, pessoas idosas, anistiados e filhos de anistiados, vítimas de violência, vítimas da fome e da falta de moradia, pessoas que sofrem com a falta de acesso à saúde, companheiras empregadas domésticas, todos e todas que sofrem com a falta de transporte, todos e todas que têm seus direitos violados, vocês existem e são valiosos para nós
Com esse compromisso, quero ser ministro de um país que ponha a vida e a dignidade humana em primeiro lugar.
Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e Cidadania
O novo ministro também defendeu políticas contra tortura, racismo e em defesa da população LGBTQIA+.
O Brasil possui três problemas estruturais: a violência autoritária, o racismo e a dependência econômica. Como ministro, portanto, meu maior compromisso não poderia ser outro que lutar para que o Estado brasileiro deixe de violentar seus cidadãos.
O advogado ainda prometeu revogar ou publicar novos atos legislativos em sua pasta, retomando políticas públicas para que "todo ato ilegal baseado no ódio e no preconceito" seja revisto.
Não permitiremos que um Ministério criado para promover políticas de direitos humanos permaneça sendo utilizado para a reprodução de mentiras e preconceitos. Chegamos ao cúmulo de ver a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos sendo usada para propagar discursos contra políticas de vacinação. Não mais. Essa era se encerra neste momento. Acabou!
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