Como proteção a miliciano ligado a ministra derrubou cúpula da polícia
A influência do miliciano Juracy Alves Prudêncio, o ex-PM Jura, junto à Polícia Civil acabou resultando em uma operação que derrubou a cúpula da corporação em 2011.
Como a PF chegou à cúpula da Polícia Civil. A PF partiu das investigações sobre o chamado Bonde do Jura para chegar aos fatos que culminaram na Operação Guilhotina, em 2011, revelou ao UOL um investigador que participou dos trabalhos.
- A Liga da Justiça --milícia que controlava parte da zona oeste do Rio-- passou a tentar tomar áreas controladas por Jura em Nova Iguaçu após sua prisão;
- Para proteger o Bonde do Jura, a DRAE (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos) criou uma força-tarefa para combater a Liga da Justiça;
- Na força-tarefa, atuaram policiais ligados ao crime organizado;
- Entre eles, estava o então PM Wagner Dantas Alegre --o miliciano recebeu de Jura a incumbência de controlar parte das áreas dominadas por sua milícia;
Durante as investigações, a PF constatou que os policiais eram envolvidos com tráfico de armas e drogas, jogo de bicho e milícias, além de venderem informações sobre ações policiais.
Foram denunciadas 44 pessoas, entre elas 32 policiais civis e militares.
Entre os presos, estavam Alegre e o delegado Carlos Oliveira, que havia sido titular da DRAE e subchefe Operacional, o segundo cargo mais importante da Polícia Civil.
O então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, foi flagrado em escutas vazando detalhes da investigação para um dos policiais presos. Por isso, acabou indiciado pela PF e demitido.
Influência política
Recém-nomeada ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil) foi apoiada diretamente por Jura, com quem realizou diversos atos, na campanha de 2018. Em 2022, a mulher de Jura, a ex-vereadora Giane Jura, fez campanha para Daniela.
Influente politicamente, Jura mantinha contato com deputados da Baixada Fluminense e tentou, sem sucesso, se eleger vereador em Nova Iguaçu. Após ser preso, conseguiu eleger sua mulher para a Câmara do município.
Ela [Daniela] ressalta que o apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito. Daniela Carneiro salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes."
Nota da assessoria de Daniela Carneiro
Luan Palmeira, advogado de Jura, afirmou que o ex-PM "não nutre qualquer vínculo com atividades criminosas". Disse ainda que Giane é "política de grande estima" e "jamais teve seu nome envolvido em qualquer ato de promiscuidade no desempenhar da vida pública".
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