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Lula decreta intervenção federal no DF até 31 de janeiro

Do UOL, em Brasília e no Rio

08/01/2023 17h58Atualizada em 09/01/2023 04h02

Lula decretou neste domingo (8) intervenção federal no Distrito Federal até 31 de janeiro após a invasão e depredação das sedes dos 3 Poderes —Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF (veja aqui um resumo dos atos terroristas ocorridos hoje em Brasília).

A medida tira o comando da área de segurança pública do governador Ibaneis Rocha (MDB) e coloca as polícias e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal sob o controle da União. O Congresso Nacional precisa votar a intervenção em até 24 horas. Foi convocada uma reunião de líderes para amanhã (9).

O interventor escolhido foi um civil: o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli.

O anúncio de intervenção foi feito quase três horas e meia após a invasão.

O presidente estava em Araraquara, no interior de São Paulo, onde foi acompanhar as áreas atingidas por fortes chuvas. Ele disse que pretende voltar a Brasília e visitar as instalações atingidas pelos terroristas.

Visivelmente irritado, Lula prometeu punições severas para financiadores, participantes e autoridades envolvidas na convocação, organização e realização dos atos.

O que acontece agora?

O presidente sinalizou com as seguintes providências para os próximos meses:

  • O interventor nomeado pelo governo Lula assume o comando da segurança do DF.
  • Investigar a conduta de policiais que tenham sido lenientes com a invasão da sede dos poderes, expulsando da corporação os culpados.
  • Buscar a responsabilização penal do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados que estimularam ataques contra o Congresso e o STF ao longo dos últimos anos.
  • Cortar a rede de financiamento de atos golpistas, inclusive dos acampamentos à frente dos quartéis.

Lula levantou suspeitas contra setores alinhados a Bolsonaro —a quem voltou a nomear como "genocida".

Lula citou madeireiros ilegais, garimpeiros e o "agronegócio maldoso que quer utilizar agrotóxico sem nenhum respeito à saúde humana".

O presidente também demonstrou insatisfação com o governo do Distrito Federal.

Afirmou que as autoridades da área de segurança pública tiveram "incompetência, má vontade ou má-fé" e lembrou do quebra-quebra no dia de sua diplomação, com a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal.

Disse também que o agora ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, "sempre foi conivente" com os atos golpistas —inclusive quando era ministro da Justiça de Bolsonaro. A prisão de Torres foi pedida ao STF pela AGU.

O discurso de Lula em 7 frases

Eu queria dizer para vocês que todas essas pessoas que fizeram isso serão encontradas e serão punidas. Elas vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, de livre comunicação, livre expressão. Mas também exige que as pessoas respeitem que as instituições.
Presidente Lula, em pronunciamento em Araraquara (SP)

Essas pessoas fizeram o que nunca foi feito na história desse país. É importante lembrar que a esquerda brasileira já teve gente torturada, já teve gente morta, já teve gente desaparecida. E nunca vocês leram uma notícia de que algum partido de esquerda, algum movimento de esquerda invadiu o Congresso Nacional, a Suprema Corte e o Palácio do Planalto"

Vamos descobrir quem são os financiadores desses vândalos que foram a Brasília e todos eles pagarão com a força da lei esse gesto de irresponsabilidade"

Eles invadiram, quebraram muitas coisas. E, lamentavelmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a polícia do Distrito Federal, que não fez. Houve, eu diria, incompetência, má vontade ou má fé das pessoas que cuidam da segurança pública no Distrito Federal. Não é a primeira vez"

Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação, porque não são de confiança da população brasileira"

Que essas pessoas sejam punidas de forma que ninguém nunca mais ouse, com a bandeira nacional nas costas ou com a camisa da Seleção Brasileira para se fingirem de nacionalistas e de brasileiros, façam o que eles fizeram hoje"

Todo mundo sabe que tem vários discursos do ex-presidente da República estimulando isso. Ele estimulou invasão na Suprema Corte, só não estimulou no palácio [do Planalto] porque estava lá dentro. Isso também é da responsabilidade dele, é da responsabilidade dos partidos que sustentam ele. E tudo isso vai ser apurado com muita força e com muita rapidez"

Reação do Congresso

Durante o pronunciamento de Lula, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), usou as redes sociais para dizer que se "coloca à disposição" dos chefes dos Poderes para fazer uma reunião e deixar "absolutamente inquestionável" que as instituições estão "mais unidas do que nunca".

Lira apoiou a candidatura de Bolsonaro nas eleições de 2022. Após o resultado do pleito, o presidente reconheceu a vitória de Lula e reforçou a segurança do sistema eleitoral brasileiro.