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Golpistas chegam à sede da PF em Brasília cantando hino

Vinicius Nunes

Colaboração para o UOL, em Brasília

09/01/2023 11h52

Mais de 40 ônibus com bolsonaristas golpistas chegaram na manhã de hoje à sede da Polícia Federal em Brasília - houve superlotação no local e alguns veículos foram levados para a subsede de Sobradinho. Os manifestantes estavam acampados no QG do Exército da capital federal. O número exato de pessoas será divulgado após triagem.

Quase 15 horas depois da depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, os radicais chegaram à sede da PF cantando o hino nacional brasileiro, o hino da independência e cânticos como "Deus, pátria e família", lema adotado por Jair Bolsonaro durante o pleito de 2022. No fim da manhã, mais de 30 viaturas foram enviadas ao local reforçar a segurança.

Mais cedo, o Exército e a Polícia Militar realizaram um cerco ao acampamento golpista em Brasília. Ainda não há definição do que vai acontecer com os manifestantes —os agentes esperam ordens da direção da PF e do Ministério da Justiça.

No local, os bolsonaristas devem ser identificados e separados entre os que estavam no ato ontem e os que estavam apenas acampados.

Segundo fontes da PF, a situação depende de quais crimes serão imputados a cada um dos detidos. A reportagem apurou que alguns podem responder por tentativa de golpe de Estado.

Ônibus com bolsonaristas chegam à sede da Polícia Federal em Brasília - Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL - Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL
Ônibus com bolsonaristas chegam à sede da Polícia Federal em Brasília
Imagem: Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL

Golpistas falam em "sequestro" e chamam militares de "covardes". Os manifestantes bolsonaristas detidos na manhã desta segunda-feira (09/01) no QG do Exército, em Brasília, se dizem vítimas de "sequestro" e afirmam que o exército brasileiro os entregou de "mão beijada" à Polícia Federal.

Os mais de 1.200 bolsonaristas foram levados a duas sedes da PF no Distrito Federal, uma em Brasília e outra em Sobradinho. Na capital federal, muitos disseram à reportagem que não foram informados do motivo da prisão e pediam "socorro".

"A gente não sabe nem pra onde tá indo. Os que fizeram aquilo (ato terrorista e invasão das sedes dos Três Poderes) não foi a gente. Foi infiltrado. Isso aqui é um sequestro, eu estou sendo levado contra a minha vontade", disse Jorge Araguis, paulista de 69 anos, aposentado.

Houve também relatos de "covardia" de parte dos militares do exército que teriam "obrigado" os manifestantes a entrar nos mais de 50 ônibus da Secretaria de Transporte do DF -destacados especialmente para as detenções.

"O que o exército fez não tem nome. São uns covardes. Entregou a gente de mão beijada pra esses homens. Covardes!", disse Ademar Oliveira, 46 anos, de Rondônia.

Alguns dos golpistas ficaram descontentes com a reportagem e, de dentro dos ônibus, insultaram e jogaram objetos contra os jornalistas que acompanhavam a chegada dos ônibus. A Polícia Militar apenas assistiu a agressão.

Bolsonaristas chegam à sede da Polícia Federal carregando bandeiras do Brasil - Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL - Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL
Bolsonaristas chegam à sede da Polícia Federal carregando bandeiras do Brasil
Imagem: Vinicius Nunes/Colaboração para o UOL

Outros 1.500 golpistas podem ter escapado. Estima-se que 200 acampados estavam na região do QG do Exército na capital federal até a última sexta-feira (6). No fim de semana, depois da convocação nas redes bolsonaristas, acredita-se que esse número subiu para 3 mil pessoas.

Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes determinou prisão de extremistas e verificação nos hotéis onde estariam os financiadores da tentativa de golpe.