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Vice que substitui Ibaneis é aliada de Michelle e empregou ex de Bolsonaro

Celina Leão (PP) assume o governo do Distrito Federal após afastamento de Ibaneis - Edmundo Souza/Divulgação
Celina Leão (PP) assume o governo do Distrito Federal após afastamento de Ibaneis Imagem: Edmundo Souza/Divulgação
Stella Borges e Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

09/01/2023 12h17Atualizada em 10/01/2023 08h22

A vice Celina Leão (PP) assume como governadora interina do Distrito Federal após Ibaneis Rocha (MDB) ter sido afastado por 90 dias por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Celina é próxima à família Bolsonaro. Quando era deputada, nomeou como sua secretária parlamentar a ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, com um salário líquido de R$ 6.152,94. Ela ficou no cargo de março de 2021 a junho de 2022.

Celina ganha evidência um dia depois de bolsonaristas invadirem e depredarem os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Cristina vive modestamente. Ela precisa de salário para viver. Ficou honrada. É uma pessoa que precisa de oportunidade como qualquer outra. Ela sofre muito por ser ex-mulher do presidente porque vira vitrine. É uma funcionária exemplar Celina Leão à colunista do UOL Juliana Dal Piva em 2021

Quem é Celina Leão

  • Nascida em Goiânia, ela tem 45 anos e é formada em administração;
  • Começou na política como deputada distrital do DF em 2011;
  • Em 2018, foi eleita deputada federal, e, no ano passado, vice na chapa de Ibaneis;
  • Apoiadora de Jair Bolsonaro, da ex-primeira dama, Michelle, e amiga de Ana Cristina Valle, ex-esposa de Bolsonaro.

Ontem, durante as invasões, Celina fez uma postagem condenando os atos:

A nova governadora do DF também se declarou contra a CPI da Covid — para ela, a comissão não tinha "critério jurídico" e a oposição "vai querer holofote para desestabilizar o governo", disse em abril de 2021, antes da instalação.

Aliada de Jair e Michelle

27.out.2022 - Celina Leão em jatinho ao lado da então primeira-dama Michelle e da senadora Damares em viagem da campanha 'Mulheres com Bolsonaro' - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
27.out.2022 - Celina Leão em jatinho ao lado da então primeira-dama Michelle e da senadora Damares em viagem da campanha 'Mulheres com Bolsonaro'
Imagem: Reprodução/Instagram

Durante a campanha para as eleições de 2022, Celina fez parte de um comitê ao lado da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e da então primeira-dama para virar votos a favor de Bolsonaro, que enfrentou alta rejeição no eleitorado feminino.

Esse é o presidente que levou água para as mulheres ribeirinhas, para o Nordeste, que dobrou o Bolsa Família, que perdoou o Prouni impagável. Como ele não cuida de mulheres pobres, periféricas, negras? É por esse presidente que nós vamos lutar todas unidas, o senhor pode ter certeza que nós faremos a diferença. Cada uma delas aqui será coordenadora do seu estado Celina Leão em uma reunião com Bolsonaro e Michelle no Palácio do Alvorada em 6 de outubro

Atuação como deputada federal

Celina passou por cinco partidos até chegar ao PP — antes ela foi filiada a PSDB, PMN, PSD, PDT e PPS, onde ficou até março de 2018. Logo depois, filiou-se ao PP, após convite para concorrer ao posto de deputada federal.

Coordenou a Secretaria da Mulher na Câmara e fez parte da chamada "tropa de choque feminina" do governo Bolsonaro. Também apoiou a eleição de Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara.

  1. Relatou um projeto de lei que visa o aumento da pena mínima do crime de feminicídio;
  2. É autora do projeto que altera as regras para indicação de cargos de presidente e diretor de estatais -- as mudanças acabaram favorecendo a indicação de Aloizio Mercadante (PT) ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social);
  3. Uma emenda de sua autoria destinou R$ 3,5 milhões para a ONG do jogador Daniel Alves.

Em nota, a assessoria de Mercadante nega que tenha sido favorecido pela mudança nas regras. A assessoria afirma que ele "não exerceu qualquer função remunerada na campanha vitoriosa do presidente Lula, não tendo sido vinculado a qualquer atividade de organização, estruturação ou realização da campanha". Também acrescenta que, "na campanha, o ex-ministro limitou-se a colaborar para a elaboração do programa de governo, função esta não abarcada nas limitações da Lei das Estatais".

Investigação por corrupção

Quando ainda era deputada distrital, em 2017, Celina e outros quatro parlamentares viraram réus por corrupção passiva no âmbito da Operação Drácon, deflagrada no ano anterior — à época, ela ocupava a presidência da Casa, mas foi afastada. A ação investigou um suposto esquema de corrupção na saúde.

Na ocasião, Celina negou a acusação de ter cobrado propina em troca da destinação de verbas para a saúde e alegou que os áudios apresentados foram editados para prejudicá-la.

No ano passado, o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Humberto Martins, deferiu o pedido dela para suspender a ação penal oriunda da operação.