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Léo Índio: quem é o sobrinho de Bolsonaro alvo de operação contra golpistas

8.jan.2023 - Léo Índio fez selfie no dia da invasão golpista em Brasília -
8.jan.2023 - Léo Índio fez selfie no dia da invasão golpista em Brasília

Do UOL, no Rio

27/01/2023 14h15

Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, é primo de três dos filhos de Bolsonaro. Mais próximo de Carlos Bolsonaro, ele já ocupou cargos no Congresso Nacional e é investigado por rachadinhas no Legislativo do RJ.

Hoje, Léo Índio foi alvo de busca e apreensão da Operação Lesa Pátria, a mando do STF, que investiga quem participou, financiou ou incentivou os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele publicou no próprio Instagram uma foto sua no teto do Congresso, no dia da invasão.

Com a repercussão, editou a legenda para justificar sua presença e atribuir à esquerda a destruição dos prédios dos três Poderes por apoiadores de Bolsonaro —não há qualquer evidência da existência de "infiltrados" nos atos de vandalismo.

Quem tem histórico de destruir patrimônio público é a esquerda. Focarão no vandalismo, certamente. Mas sabemos a verdade. Olhos vermelhos = gás lacrimogênio disparado pelas forças de segurança, que não focaram nos focos de destruição, jogaram em todos os manifestantes. Busquem os verdadeiros vândalos e também os covardes mascarados e fantasiados de patriotas.
Léo Índio sobre participação nos atos golpistas de 8/1

O alvo da PF é sobrinho de Rogéria Nantes Braga, primeira esposa e mãe dos filhos mais velhos do ex-presidente (Flávio, Carlos e Eduardo).

Morador do Rio, Léo se mudou para Brasília em 2019 após a posse de Bolsonaro. Nos primeiros 45 dias de mandato, ele visitou o Planalto, em média, uma vez por dia e até viajou na comitiva presidencial a Brumadinho (MG) à época do rompimento da barragem na cidade.

Em 2022, tentou um mandato na Câmara Distrital do DF, mas com 1.801 votos, não se elegeu.

Primo tentou cargos no Planalto para Léo

Mais próximo de Carlos —com quem até dividiu casa—, ele tentou cargos no Planalto, mas foi vetado.

No livro "Tormenta", a colunista do UOL Thaís Oyama narra que Carlos intercedeu por Léo em ao menos duas ocasiões.

Na transição, Carlos quis que Léo Índio —que não é policial— chefiasse uma equipe de três policiais federais para fazer a segurança do presidente e procurar "infiltrados esquerdistas" no Planalto.

A indicação não foi à frente por atropelar as funções do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Já no início do mandato de Bolsonaro, Carlos tentou um cargo com salário de R$ 13 mil para o primo na Secretaria de Governo, mas o general Santos Cruz, então titular da pasta, não aceitou contratá-lo.

Léo Índio não tinha experiência de ao menos cinco anos em funções afins, não ocupou cargo de confiança no governo por ao menos três anos e tampouco tinha mestrado ou doutorado na área.

Funcionário fantasma

Em abril de 2019, Léo Índio foi nomeado assessor do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) com salário bruto de R$ 22.943,73.

Ele permaneceu no cargo até outubro de 2020, quando Rodrigues foi flagrado pela PF com R$ 30 mil na cueca durante investigação sobre desvios de dinheiro da Saúde durante a pandemia.

Léo foi orientado a pedir exoneração e permanecer em silêncio para que sua imagem não fosse ainda mais atrelada ao escândalo, como apurou o UOL na ocasião.

Em dezembro de 2021, Léo ocupou um cargo de auxiliar administrativo júnior na liderança do PL no Senado com salário de R$ 5.735,93. Ele foi exonerado do cargo em seis meses, após a colunista do UOL Juliana Dal Piva revelar que ele era funcionário fantasma.

Investigado por rachadinha na Alerj

Em março de 2021, o UOL revelou que Mariana Mota, ex-chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), pagou o aluguel de uma quitinete no centro do Rio, onde Léo morava. Foram cinco pagamentos em torno de R$ 400 e R$ 500 ao longo de 2007.

Os dados mostram ainda que ela recebeu em sua conta repasses de funcionários do gabinete de Flávio. A investigação continua em curso.

Nas redes sociais, Léo Índio faz postagens —por vezes, falsas— contra o presidente Lula e o PT. Em tom de deboche, ele expõe o selo que ganhou do Instagram exatamente por divulgar tais informações.