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'Derrotamos um presidente, mas ainda não derrotamos o fascismo', diz Lula

Lucas Borges Teixeira e Tiago Minervino

Do UOL, em Brasília, e colaboração para o UOL, em Maceió

31/01/2023 12h21

O presidente Lula (PT) voltou a afirmar hoje que a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não significa a "derrota do fascismo" no Brasil. O petista participou hoje de cerimônia para a assinatura de decretos que criam instrumentos para a participação social no governo.

Com o salão nobre do Palácio do Planalto lotado de movimentos sociais, Lula fez duras críticas à antiga gestão, falando em abandono de áreas sociais, do meio ambiente e da proteção à Amazônia e dos povos indígenas e reclamou mais uma vez que ainda não conseguiu se mudar para o Palácio da Alvorada —em tom que lembrou a campanha eleitoral.

O que Lula falou:

  • Nos últimos anos, "o fascismo foi impregnado na cabeça de milhões de brasileiros";
  • A derrota de Bolsonaro nas urnas não implicou o fim desses movimentos fascistas, e a prova disso foi a depredação de Brasília em 8 de janeiro;
  • Até a deflagração dos atos de vandalismo por radicais bolsonaristas, que depredaram as sedes dos Poderes da República, "ninguém em sã consciência acreditava que aquilo pudesse acontecer, mas aconteceu";
  • Garantir maior participação popular na gestão "é importante para ajudar e para cobrar do governo" a realização daquilo que foi prometido durante a campanha eleitoral.

Respeito tanto os aplausos quanto as vaias. Mas não podemos respeitar a ignorância dos fascistas que estão nas ruas e querendo depredar o que é do povo brasileiro.
Lula, a movimentos sociais

'Sou um sem-casa'. Em seu discurso, Lula reiterou que ainda está sem residência oficial para morar com a esposa, a primeira-dama Rosângela da Silva, e afirmou que o casal, e seus dois cachorros, estão há mais de 45 dias morando em hotel, devido a condições insalubres deixadas por Bolsonaro no Palácio do Alvorada.

Na verdade, sou um sem-casa, sem-palácio. Vocês precisam ajudar a reivindicar o direito de onde eu morar, porque já faz mais de 45 dias que eu, Janja, e duas cachorras moramos em hotel, à espera que liberem o Palácio do Alvorada, porque o cidadão que estava morando lá, não tinha disposição de cuidar daquilo. Nem cama a gente encontrou no quarto presidencial.
Lula, a movimentos sociais

Yanomamis. Ao falar sobre a situação vivenciada pelos indígenas yanomamis, o presidente disse que, ao visitar Roraima, presenciou uma "desgraceira" porque esses povos estão "abandonados" pelo Estado.

Por isso, ressaltou, o governo federal assinou decreto para retirar os garimpeiros das terras indígenas a fim de combater a invasão ilegal desses territórios para a exploração de ouro.

"Estamos num processo de reconstrução desse país. Construir uma reforma é mais difícil que construir uma coisa nova. Quase tudo que foi feito estava destruído", completou.

Movimentos sociais lotam o Palácio do Planalto  - Lucas Borges Teixeira/UOL - Lucas Borges Teixeira/UOL
Movimentos sociais lotam o Palácio do Planalto
Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Sem anistia. Antes de Lula falar, representantes dos movimentos sociais fizeram falas voltadas às dificuldades enfrentadas durante os anos Bolsonaro.

Gritos de "sem anistia" tomaram as falas, em referência a uma possível responsabilização do ex-presidente na calamidade do povo yanomami.

Nenhum golpista deve ser anistiado!"
Simone Nascimento, coordenadora do Movimento Negro Unificado

Evento lembrou a campanha eleitoral petista. No salão nobre do Palácio do Planalto, integrantes de movimentos sociais balançavam bandeiras e gritavam palavras de ordem, cantavam musiquinhas de apoio a lutas sociais —chegaram até a readaptar o grito "Brasil, urgente! Lula já é presidente!".

O Hino Nacional teve interpretação artística, como em todos os eventos eleitorais de Lula no ano passado, e a música "Ordem e Progresso", homenagem ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) famosa na voz de Beth Carvalho, foi tocada no trompete.

Após o Hino Nacional, o evento fez uma homenagem à antropóloga Adriana Dias, uma das maiores pesquisadoras sobre neonazismo no Brasil, que compôs o grupo de transição do governo.