PF investigará plano revelado por Do Val e que envolve Bolsonaro, diz Dino
Ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal investigue a denúncia feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES).
O inquérito policial, claro, vai ser aberto atendendo a essa determinação [do Moraes]. As investigações sobre esta tentativa golpista estão avançando muito bem."
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB)
Moraes mandou a PF apurar se Do Val mentiu no depoimento. A decisão do ministro do STF ocorreu na última sexta-feira (3), em razão das diferentes versões adotadas pelo senador.
Do Val denunciou um suposto plano golpista contra Lula (PT). O senador mudou sua narrativa dos fatos, após afirmar que o plano envolvia o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O Senador Marcos Do Val apresentou, à Polícia Federal, uma quarta versão dos fatos por ele divulgados, todas entre si antagônicas."
Alexandre de Moraes, em sua decisão
O ministro do STF exige apuração dos supostos crimes de:
- falso testemunho;
- denunciação caluniosa;
- coação no curso do processo.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse na semana passada que "nunca houve qualquer tentativa de golpe" por parte do seu pai. "O presidente Jair Bolsonaro é um defensor da lei e da ordem e sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição."
Moraes quer:
- Receber a íntegra do depoimento de Marcos Do Val;
- Que a revista Veja envie o áudio da entrevista publicada com Do Val;
- Que os canais CNN Brasil e GloboNews enviem a íntegra de quaisquer entrevistas já publicadas concedidas pelo senador;
- Que a Meta, dona do Instagram, encaminhe o inteiro teor da transmissão ao vivo feita pelo senador, em que ele afirma que Bolsonaro o coagiu.
O senador acumula contradições em seus relatos. Desde que afirmou ter sido coagido para tentar incriminar Alexandre de Moraes, o parlamentar mudou sua versão sobre os seguintes pontos:
- O papel de Bolsonaro na trama;
- As conversas com o ministro do STF;
- As atitudes que tomou no caso;
- O local do encontro que teve com Bolsonaro e Silveira.
Do Val baixou o tom das acusações contra Bolsonaro. Durante uma transmissão ao vivo no Instagram na madrugada de quinta (2), com líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), o senador capixaba anunciou ter uma "bomba" que seria revelada pela revista Veja.
Em declarações dadas após a repercussão do caso, Do Val negou ter sido coagido por Bolsonaro. Em entrevista à GloboNews, ele disse que usou "uma palavra que não deveria ter usado" durante a live.
À revista Veja, o senador do Podemos mencionou que mandou mensagem a Moraes em 12 de dezembro, três dias após o encontro com Bolsonaro e Silveira, e só se reuniu pessoalmente com o ministro do STF no dia 14, para narrar como havia sido a reunião.
Depois mudou o discurso e afirmou que se reuniu com Moraes antes da conversa com Bolsonaro. Em entrevista coletiva, disse que foi abordado por Silveira no dia 7 e convidado a encontrar Bolsonaro, mas só aceitou após o aval de Moraes.
Inicialmente, Do Val disse que o encontro com o então presidente foi no Palácio da Alvorada, residência oficial. Ao longo da última quinta, porém, ele afirmou que a reunião com Bolsonaro e Silveira foi na Granja do Torto, a segunda residência oficial da Presidência.
Já em entrevista à Folha de S. Paulo, declarou que estava em dúvida e que o encontro poderia ter ocorrido no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.
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