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Ligação, visita: o que Do Val disse à PF sobre Bolsonaro, Silveira e Moraes

Do UOL, em São Paulo

03/02/2023 00h17

O senador Marcos Do Val (Podemos-ES) prestou depoimento na quinta-feira (2) à PF (Polícia Federal) para esclarecer o suposto plano de espionagem contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Esse plano teria sido proposto a ele pelo ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que Marcos do Val disse em depoimento

  • Que, em 7 de dezembro, Daniel Silveira estava na linha com o então presidente Jair Bolsonaro, chamado de "01" por Silveira;
  • Silveira passou o celular para Do Val;
  • Na sequência, Bolsonaro teria questionado se Do Val poderia ir ao seu encontro em um local não especificado;
  • Do Val teria respondido que naquele momento, não. Os dois então marcaram para 9 de dezembro;
  • Em seguida, Silveira disse a Do Val que aquele encontro seria uma "missão para salvar o Brasil".

Após marcar o encontro com Bolsonaro e Silveira, Do Val relatou os fatos para o ministro do STF Alexandre de Moraes.

  • Do Val mandou mensagem a Moraes perguntando se poderia encontrá-lo no dia 8 de dezembro, um dia antes do encontro com Silveira e Bolsonaro;
  • Ele achava que a reunião fosse tratar dos acampamentos em frente ao quartel-general do Exército;

Do Val perguntou a Moraes se deveria ir ou não à reunião. Moraes teria respondido que sim, pois "informação é sempre importante".

  • No dia do encontro, Daniel Silveira decidiu ir buscar o senador Marcos do Val.
  • Silveira disse que Do Val não deveria ir de carro oficial, pois não "podia aparecer como senador";
  • Os dois se encontraram na rua, no meio do caminho, mas não soube precisar o local.
  • Do Val disse ter saído do carro e entrou em outro, que acredita ser da Presidência;
  • Na sequência, entraram em uma casa que acredita ser do presidente.
  • Ambos subiram a escada, entraram em uma sala e, depois de dois ou três minutos, finalmente chegou o presidente Bolsonaro.
  • Eles conversaram sobre os possíveis motivos da perda da eleição e sobre os acampamentos do QG do Exército;
  • Em determinado momento, Daniel Silveira rompeu o silêncio e perguntou se Do Val cumpriria uma missão importantíssima;
  • Silveira questionou se Do Val gravaria uma conversa com o ministro Alexandre de Moraes, e se ele conduziria uma conversa de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição;
  • Neste momento, Do Val questionou a Silveira se a gravação não seria ilegal; com a possibilidade óbvia de ser preso;
  • Silveira respondeu que daria um jeito de tornar a gravação legal, mas sem especificar como.
  • Do Val disse à PF ter se sentido desconfortável com a proposta e que, para encerrar, pediu alguns dias para pensar.
  • O presidente se manteve em silêncio durante o tempo em que Silveira fazia a proposta.
  • Do Val disse ter ficado com a sensação de que o ex-presidente não sabia do assunto e que Silveira buscava obter o consentimento tanto Do Val quanto do ex-presidente.
  • Que, em momento nenhum, Bolsonaro negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio;
  • Segundo ele, o único momento em que o ex-presidente se manifestou foi quando Do Val disse que precisaria de alguns dias para pensar. Bolsonaro teria respondido que o aguardaria.

Questionado se foi falado em "golpe". Do Val afirmou que o termo não foi usado, mas que Daniel Silveira usaria o material para anular o resultado da eleição que determinou a vitória de Lula e que prenderiam o ministro Alexandre de Moraes.

No final de semana após o encontro, Do Val enviou uma mensagem a Moraes informando o ministro sobre o que Silveira havia proposto. Depois em 13 de dezembro, contextualizou a Moraes, em encontro no STF, o que disse em mensagem.

  • Moraes teria dito que achou a conversa ridícula.
  • Que o ministro fez uma expressão de surpresa pelo "absurdo da situação".
  • Do Val falou a Silveira que não cumpriria a missão solicitada.
  • O senador também disse que todas as mensagens citadas estão em seu celular.

O aparelho celular de Do Val foi apreendido pela PF após o depoimento.