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Pazuello diz que ato com Bolsonaro foi 'camaradagem' e que avisou Exército

23.mai.2021 - Pazuello discursa ao lado de Bolsonaro em ato no Rio - Reprodução
23.mai.2021 - Pazuello discursa ao lado de Bolsonaro em ato no Rio Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

24/02/2023 20h46Atualizada em 25/02/2023 12h02

O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello (PL-RJ) afirmou que foi a uma motociata de teor político no Rio de Janeiro, em maio de 2021, após receber um convite por "camaradagem" do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Pazuello disse ainda que informou a sua ida ao evento ao comandante do Exército na ocasião, general Paulo Sérgio Nogueira.

As informações constam no processo disciplinar aberto para apurar a conduta de Pazuello no evento. O sigilo dos documentos foi derrubado pela CGU (Controladoria-Geral da República) e divulgado pela agência Fiquem Sabendo, agência de dados independente especializada no Acesso à Informação — leia a íntegra.

Em sua defesa no caso, Pazuello alegou que foi convidado por Bolsonaro para ir à motociata e, em seguida, informou o comando do Exército de que iria ao evento.

"Os laços de respeito e camaradagem entre mim e o presidente da República, a meu ver, justificam o convite para o passeio", alegou Pazuello. "Relembro-vos que o informei por telefone no sábado, que iria ao passeio no domingo, a convite do presidente."

Pazuello afirmou que optou inicialmente por não acompanhar a comitiva presidencial, mas teria sido assediado por participantes da motociata ao ser reconhecido. Por isso, acabou indo para a área reservada onde estava a comitiva de Bolsonaro, mas, ainda assim, continuou sendo reconhecido por um "grande número de pessoas".

"De novo iniciou-se o assédio com fotografias e gritos. Neste momento, o ajudante de ordens do presidente da República, Tenente-Coronel [Mauro] Cid, devidamente fardado, transmitiu por gesto, a orientação do presidente, para que eu subisse no caminhão", alegou Pazuello.

O ex-ministro da Saúde alegou que, até aquele momento, não tinha conhecimento de que haveria um carro de som e tampouco tinha intenção de se pronunciar no evento.

"Fui surpreendido quando o presidente me chamou para ficar ao seu lado na lateral do caminhão. Fiquei mais surpreso, ainda, quando o presidente passou às minhas mãos o microfone para que me dirigisse ao público", alegou.

Em fração de segundos tive que pensar quais palavras seriam as melhores para serem usadas para que não se tornasse um discurso político"
Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde

23.mai.2021 - O presidente Jair Bolsonaro discursa em um comício no Rio - ANDRE BORGES / AFP - ANDRE BORGES / AFP
23.mai.2021 - O presidente Jair Bolsonaro discursa em um comício no Rio
Imagem: ANDRE BORGES / AFP

Em sua defesa, Pazuello afirmou que, embora tenha confirmado a presença na motociata, não via o evento como "ato político". Segundo o ex-ministro da Saúde, Bolsonaro não era, na ocasião, filiado a nenhum partido político.

"O que evidencia ainda mais que o passeio não possuía natureza político-partidária."

Durante discurso, porém, Bolsonaro fez críticas a medidas sanitárias e fez ameaças em meio a gritos de "Eu Autorizo" de apoiadores.

A frase se tornou uma constante em atos pró-Bolsonaro depois que o presidente falou em agir contra medidas de restrição determinadas por governadores e prefeitos para o controle da pandemia.

Comandante do Exército confirma que foi informado de ida de Pazuello a motociata. Em decisão, o então comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, confirmou que foi informado por Pazuello que iria na motociata.

"O oficial-general em tela efetivamente comunicou a este comandante que se deslocaria à cidade do Rio de Janeiro, a fim de participar de passeio motociclístico, a convite do senhor presidente da República, organizado e patrocinado por associações e clubes de motocicletas daquela capital", afirmou Nogueira.

O comandante concordou com a versão de Pazuello, afirmando que o general teria sido surpreendido pelo pedido de Bolsonaro para discursar.

"Da análise acurada dos fatos, bem como das alegações do referido oficial-general, depreende-se, de forma peremptória, não haver viés político-partidário nas palavras proferidas, repisa-se, de improviso, pelo arrolado, naquele momento".