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Alberto Youssef é preso por ordem de Eduardo Appio, novo juiz da Lava Jato

26.out.2015 - O doleiro Alberto Youssef na CPI dos Fundos de Pensão - Alan Marques/Folhapress
26.out.2015 - O doleiro Alberto Youssef na CPI dos Fundos de Pensão Imagem: Alan Marques/Folhapress

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

20/03/2023 19h14Atualizada em 20/03/2023 20h27

O juiz Eduardo Appio, responsável pelos processos da Lava Jato na 13ª Vara Federal em Curitiba, determinou hoje a prisão de Alberto Youssef, 56 anos, um dos pivôs para o início da operação, em 2014.

O que aconteceu:

  • Youssef foi detido pela PF (Polícia Federal) no litoral de Santa Catarina e será levado para Curitiba (PR). A audiência de custódia deve ser realizada amanhã por videoconferência.
  • A decisão foi tomada dentro de um processo iniciado pela Receita Federal. Segundo o magistrado, Youssef não devolveu todos os valores de que se beneficiou ilicitamente e deixou de informar à Justiça Federal dados atualizados sobre seu endereço.
  • O ex-doleiro já havia sido preso em 2014, durante a primeira fase da operação, por determinação de Sergio Moro. As investigações incluíam elos políticos de Youssef. Três dias depois, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também foi preso.

O relatório fiscal para fins penais da Receita Federal deixa evidenciado que o acusado não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros. O simples fato de que possui diversos endereços e de que estaria morando na praia já evidencia uma situação muito privilegiada e que resulta incompatível com todas as condenações já proferidas em matéria criminal"
Eduardo Appio, responsável pelos processos da Lava Jato na 13ª Vara Federal em Curitiba

Entenda o processo

  • Segundo a ação, o Fisco sinalizou que o ex-doleiro foi considerado pelo MPF (Ministério Público Federal) como um dos maiores doleiros da história do Brasil. Ele é acusado de ter atuado no mercado ilegal de câmbio e pagamento de propinas no Brasil e no exterior ao menos desde 2004, quando firmou acordo de colaboração premiada com o então juiz Sergio Moro.
  • O juiz diz que ele só poderia ser beneficiado pela suspensão das ações penais caso cumprisse requisitos, como assumir a condição de não delinquir. "No presente caso, Youssef já foi condenado há mais de 32 anos de reclusão, não havendo notícia que tenha regularmente adimplido todos os seus débitos com a Receita Federal do Brasil", disse Appio.
  • Segundo o magistrado, não foi comprovada a existência de endereço atualizado do condenado, o que demonstra total desprestígio à justiça federal de seu país, bem como certeza de impunidade. Ele cita que o relatório do Fisco deixa claro que Youssef não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são incompatíveis com a situação da população brasileira.
  • Na avaliação do juiz, o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público não se encontra em discussão, mas tão somente o seu âmbito de abrangência. "O acordo firmado e homologado não afeta o destino da presente investigação criminal, de árduo trabalho da Receita Federal, que realizou uma profunda investigação", disse.
O simples fato de que possui diversos endereços e de que estaria morando na praia já evidencia uma situação muito privilegiada e que resulta incompatível com todas as condenações já proferidas em matéria criminal. O investigado foi um verdadeiro arquiteto de diversas organizações criminosas ao longo dos últimos 20 anos." Eduardo Appio, responsável pelos processos da Lava Jato na 13ª Vara Federal em Curitiba