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À PF, militares do GSI alegam 'risco de vida' para não agir no 8/1, diz TV

Do UOL, em São Paulo

23/04/2023 22h48Atualizada em 23/04/2023 22h48

Os nove militares do GSI ouvidos pela Polícia Federal hoje alegaram que não prenderam invasores do Palácio do Planalto nos atos golpistas de 8 janeiro porque a situação envolvia "risco de vida". A GloboNews teve acesso a parte do depoimento.

O que aconteceu

Os militares alegaram que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não tinha informações de inteligência sobre os atos. Eles afirmaram também que classificaram o risco daquele dia como "laranja", o que quer dizer 3 pontos em uma escala de 5.

Disseram que não prenderam os golpistas porque estavam "correndo risco de vida" porque "havia muita gente e pouco efetivo para dar conta de todos os invasores". Segundo eles, era feita uma "limpeza" de cima para baixo, ou seja, dos andares mais altos para os mais baixos, onde seriam realizadas as prisões.

Os agentes do GSI ainda afirmaram que as primeiras imagens mostradas são de um momento "pós-invasão" quando, segundo eles, "a maior parte dos manifestantes já tinha deixado" o Planalto.

Sobre o episódio em que um deles, o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, é visto dando água aos invasores, a alegação foi de que era uma "técnica de gerenciamento de crise" para ajudar a tirá-los de lá porque os golpistas estariam "entrando atrás dele na cozinha e exigindo a distribuição de água".

Os nove foram identificados em imagens de câmeras de segurança circulando em meio aos golpistas. A lista com os nomes dos militares foi entregue ao STF pelo ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do inquérito que investiga possível omissão de autoridades nos ataques às sedes dos Três Poderes, determinou na sexta-feira (21) que os servidores do GSI fossem ouvidos pela Polícia Federal.

O UOL conseguiu a lista dos depoimentos com uma fonte próxima ao GSI. A participação ou omissão deles nos atos ainda será investigada pela PF. Confira abaixo os nomes e os horários:

  • General Carlos Feitosa Rodrigues - 10h
  • Coronel Wanderli Baptista da Silva Junior - 10h
  • Coronel Alexandre Santos de Amorim - 10h
  • Coronel André Garcia Furtado - 10h
  • Tenente-coronel Alex Marcos Barbosa Santos - 10h
  • Tenente-coronel Marcus Vinicius Bras de Camargo - 14h
  • Major José Eduardo Natale de Paula Pereira - 14h
  • Capitão Adilson Rodrigues da Silva - 14h
  • Sargento Laércio da Costa Júnior - 14h

Ministro do GSI deixou cargo após imagens

Gonçalves Dias deixou o comando do GSI nesta semana após imagens de câmeras de segurança divulgadas pela CNN mostrarem o ex-ministro dentro do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Ele aparece conversando e caminhando ao lado de invasores.

Dias foi ouvido por mais de 4 horas pela PF. Confira o que ele disse no depoimento, clicando aqui.

Ele alegou que não sabia nada a respeito de manifestações em Brasília entre 6 e 8 de janeiro. Segundo ele, a Abin não enviou nenhum informe sobre o aumento do fluxo de ônibus rumo a Brasília depois do dia 6 ou que tratasse de manifestações.

O general disse que, ao assumir o GSI no dia 2 de janeiro, por cinco dias ainda estava se ambientando às funções dele no órgão. Ele alegou que isso aconteceu porque não houve a passagem de função do ministro anterior.

O ex-ministro também afirmou que não efetuou prisões porque fazia um "gerenciamento de crise". Segundo ele, não havia "condições materiais" para as prisões e o protocolo era prender as pessoas no segundo andar, onde 200 invasores teriam sido detidos.