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Lula diz que já defendeu Maduro no exterior e que país sempre foi parceiro

Do UOL, em São Paulo

29/05/2023 13h26Atualizada em 29/05/2023 14h26

O presidente Lula (PT) disse hoje que já defendeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no exterior em diversos momentos, e comemorou o reencontro entre os países, afirmando que a volta da relação entre as nações "agora é plena". Os dois falaram com a imprensa após uma reunião reservada.

O que disse Lula

O presidente brasileiro disse sempre ter considerado "absurdo" que as pessoas que defendem a democracia também neguem que Maduro é o presidente da Venezuela. Lula citou o fato de alguns países considerarem o opositor venezuelano Juan Guaidó como líder do país.

"Como um continente que conseguiu exercer a democracia tão plena, como a Europa exerceu, quando construiu a União Europeia, poderia aceitar a ideia de que um impostor pudesse ser Presidente da República apenas por não gostarem do presidente eleito", disse Lula.

Lula também afirmou que a Venezuela sempre foi um grande parceiro comercial do Brasil: "Nossa relação comercial já teve um fluxo de praticamente US$ 6 bilhões, e hoje tem pouco menos de US$ 2 bilhões. Isso é ruim para a Venezuela e para o Brasil", afirmou.

O brasileiro comemorou a volta das relações entre os países e criticou o fato de que presidentes anteriores tenham "passado tantos anos sem diálogo com uma autoridade de um país amazônico" e que tem extensa fronteira com o Brasil.

Lula ainda defendeu que a América do Sul atue como um bloco, e com integração: "A América do Sul precisa trabalhar como bloco. Não é possível um país sozinho resolver seus problemas, que perduram centenas de anos. Estamos há 500 anos sempre lidando com a pobreza. Se estivermos juntos, somos 450 milhões de pessoas. Como bloco, podemos negociar com muito mais força", disse.

Depois de 8 anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política de relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos. Sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil."

A volta da relação Brasil-Venezuela é plena. Que não seja somente comercial, mas também política, de ciência e tecnologia, entre juventudes, entre universidades e, inclusive, entre Forças Armadas, trabalhando nas fronteiras para que a gente combata o narcotráfico."
Presidente Lula

Encontro de Lula e Maduro

Lula e Maduro tiveram uma reunião privada e depois ampliada para discutir os avanços no processo de normalização das relações bilaterais. Em 2020, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retirou os diplomatas que trabalhavam na embaixada do Brasil na Venezuela, por não reconhecer o governo de Maduro.

O encontro faz parte de uma série de reuniões que Lula fará nesta semana com líderes sul-americanos. Apenas a presidente do Peru, Dina Boluarte, não virá à capital federal, já que enfrenta impedimentos constitucionais.

Sucessor de Hugo Chávez, Maduro comanda a Venezuela desde 2013. A Assembleia Constituinte instalada em 2017 não é reconhecida por vários países, incluindo o Brasil. No ano passado, a ONU denunciou que agências do governo cometem crimes contra a humanidade para reprimir a oposição.