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Senador pede que TCU investigue calote na Caixa, revelado pelo UOL

Jair Bolsonaro ao lado de Pedro Guimarães, em 2022 - Isac Nóbrega/PR
Jair Bolsonaro ao lado de Pedro Guimarães, em 2022 Imagem: Isac Nóbrega/PR

Do UOL, em São Paulo

29/05/2023 16h21

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) pediu hoje que o TCU (Tribunal de Contas da União) realize uma auditoria financeira na Caixa. O pedido é baseado em reportagem publicada hoje pelo UOL, que mostrou um calote bilionário e a queima de reservas do banco estatal após duas medidas provisórias assinadas por Jair Bolsonaro em ano eleitoral.

Os fatos trazidos apresentam resultados lesivos ao Erário. Estes são as consquências de um robusto processo de instrumentalização da Administração Pública voltado para a campanha eleitoral. A criação e a instrumentalização de programas sociais com o único objetivo de interferir no pleito é infração grave, pois representa abuso do poder político e econômico, pois teve o objetivo de impactar na disputa entre candidatos."
Jorge Kajuru, senador da República pelo PSB-GO

A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) também pediu nesta segunda-feira que o TCU apure os fatos revelados pelo UOL e tome "medidas cabíveis para responsabilização" do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães.

Ainda são desconhecidos os exatos prejuízos causados pela utilização da Caixa Econômica Federal para abertura de créditos na véspera eleitoral, mas os indícios já são suficientes para concluir pela malversação dos recursos públicos e rombo causado no banco e no FGTS."
Luciene Cavalcante, deputada federal pelo PSOL-SP

A deputada ainda pediu que a Procuradoria-Geral Eleitoral investigue os fatos, aplique multa e torne Bolsonaro inelegível, "ante os indícios de abuso de poder econômico e político e a intenção de compra de votos".

O que foi revelado pela reportagem

Investigação do UOL mostrou os resultados de duas medidas provisórias assinadas por Bolsonaro para criar créditos na Caixa para pessoas de baixa renda.

A primeira delas, chamada de SIM Digital, emprestou R$ 3 bilhões em microcrédito para pessoas negativadas. Hoje, a inadimplência é de 80%, segundo a atual presidente do banco. O calote bilionário será coberto principalmente com recursos do FGTS, além de trazer prejuízos para a Caixa.

A segunda medida provisória criou o empréstimo consignado do Auxílio Brasil, que desconta o valor das parcelas diretamente do benefício social. A linha de crédito foi iniciada após o primeiro turno e emprestou, em vinte dias, R$ 7,6 bilhões. Após a derrota de Bolsonaro, a Caixa fechou a torneira, revela a reportagem: 99% dos créditos foram concedidos até o segundo turno.

Em outra reportagem publicada hoje, o UOL também revelou que a Caixa queimou reservas para emprestar mais em ano eleitoral. Como resultado, o índice de liquidez de curto prazo — um indicador de risco — atingiu o pior patamar já registrado pelo banco estatal.

Procurada, a Caixa afirmou, por nota, que "observa a legislação vigente em todos os seus processos". Pedro Guimarães não quis comentar. O advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, não respondeu.