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Bridi: Acusado do assassinato de Bruno e Dom era funcionário de prefeitura

Do UOL, em São Paulo

05/06/2023 13h17

A jornalista Sônia Bridi comentou os indícios de que havia uma ligação entre políticos do município de Atalaia do Norte e os acusados do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas. Ela foi a convidada de hoje do UOL Entrevista, conduzido pela apresentadora Fabíola Cidral e os colunistas Jamil Chade e Chico Alves.

Ruben Villar, conhecido como Colômbia e apontado como o mandante do crime, e outro pescador ilegal, Jânio Freitas de Souza, foram indiciados pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver na semana passada, segundo apuração do Fantástico.

O Jânio, que foi indiciado, era funcionário da prefeitura. A função dele, segundo o prefeito, era fazer a vigilância dos lagos para impedir a pesca ilegal. (...) O líder comunitário era também o líder da organização criminosa, segundo a polícia".

Até os sapos dos lagos do Vale do Javari sabem da ligação do Colômbia com a pesca ilegal e com o crime. Ninguém pode dizer que não sabe, porque toda a economia local gira em torno disso e a participação do Colômbia é muito clara".

A gente hoje tem uma bancada do garimpo [no Congresso]. O garimpo é uma atividade criminosa, gente. Daqui a pouco vai ter o quê? A bancada do tráfico? Uma bancada de milicianos a gente já tem, mas enfim".

"PL 490 é cruel com indígenas isolados"

Sônia também comentou sobre o PL 490, que institui o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. Segundo ela, é preciso ter uma visão histórica sobre a retirada de povos indígenas de seus locais de origem.

Alguém invade sua casa, você tem que fugir e, porque você fugiu, deixa de ser cidadão e passa a não ter mais direito sobre a sua casa?"

É absolutamente absurdo pensar que essas pessoas podiam estar em outro lugar que não o território brasileiro quando Pedro Álvares Cabral aportou em Porto Seguro".

"A coisa mais cruel escondida dentro desse PL é a questão dos indígenas isolados. Eles se autoisolaram, eles tiveram contatos traumáticos. (...) Eles tomaram uma decisão política, autônoma: 'vamos nos isolar, não queremos contato com essa gente'. Isso diz muito mais sobre a gente do que sobre eles."

Segurança durante gravação de documentário


A jornalista falou sobre a preocupação com a segurança durante a produção de seu recente documentário, Vale dos Isolados, que investiga os conflitos na região do Vale do Jaguari e as circunstâncias das mortes de Dom e Bruno.

Eu sempre fico muito na dúvida se estar com segurança é melhor ou pior, porque, se os caras resolvem reagir e atirar, vai acontecer o quê? Vai ter troca de tiro e eu vou estar no meio?"

"Eu não gosto da ideia de jornalista andar com segurança, não gosto mesmo. Eu acho que a gente tem que fazer a avaliação de segurança dos lugares em que a gente vai".

"A gente estava com seguranças pois foi recomendado por lideranças indígenas, e eles ficaram mais tranquilos sabendo que estávamos acompanhados".

Confira a íntegra do UOL Entrevista