Lira se acostumou com a força que tinha no governo Bolsonaro, diz professor
O professor e cientista político Rodrigo Prando comentou, em entrevista ao UOL News de hoje, sobre as negociações entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o governo federal. Segundo a Folha de S. Paulo, aliados de Lira avaliam propor que o PP possa apadrinhar um ministro da Saúde que seja do setor, em vez de indicar um parlamentar para o comando da pasta.
O Arthur Lira acostumou-se a ter uma força extraordinária dentro do governo Bolsonaro. Ele tinha praticamente o orçamento secreto em suas mãos, e a gente sabe bem o que aconteceu naquele momento em que ele blindou o ex-presidente Jair Bolsonaro."
Prando também afirmou que o presidente da Câmara não quer recuar e que agora tenta ampliar seu poder.
"O presidente Lula necessita de uma base de apoio politico, e para isso precisa tentar trazer votos de parlamentares do chamado centrão, que muitas vezes se tornou um elemento fisiológico na política brasileira do toma lá da cá."
Sakamoto: Cheiro de remédio com mutreta
O colunista do UOL Leonardo Sakamoto afirmou que houve negociações pela pasta da Saúde antes mesmo de Lula assumir o governo.
Em dezembro do ano passado, o centrão já tinha pedido para o Lula o ministério da Saúde. O Lira queria o ministério da Saúde, o PP queria o ministério da Saúde, o centrão queria para governar. Tem dois ministérios que são gigantes em termos de orçamento e emendas parlamentares: o da Saúde e o da Educação. Eles influenciam na política de todos os municípios."
Sakamoto relembrou que o Brasil foi o segundo país com mais mortos durante a pandemia de covid-19 e que o presidente Lula afirmou, em campanha, que o Ministério da Saúde seria dirigido por pessoas técnicas.
Só que o centrão nunca desistiu. Agora que ele empareda o Lula — emparedou na época da MP da reestruturação dos ministérios para ver se consegue determinados nacos saboroso do governo —, ele voltou a botar o Ministério da Saúde na mesa."
Cofre com dinheiro de aliado de Lira entra para a história, diz professor
O cientista político Rodrigo Prando também falou a respeito do caso da compra do kit de robótica custeado com emenda parlamentar de Lira, que deu prejuízo de R$ 4,2 milhões, segundo a CGU (Controladoria-Geral da União). O professor relembrou outros fatos históricos envolvendo imagens com muito dinheiro.
São três cenas com muito dinheiro que tiveram fotografias: da Roseana Sarney, pré-candidata à presidência da República, que tinha uma mesa com muitos maços de dinheiro; do [ex-ministro] Geddel [Vieira Lima], também um apartamento com malas e caixas [com 51 milhões em cédulas], e agora esse cofre cheio de dinheiro."
Prando afirmou que o presidente da Câmara jogou o incômodo nas costas do ministro Flávio Dino.
Isso impacta de maneira que o próprio presidente da Câmara, Arthur Lira, ficou extremamente incomodado, mas em vez de destinar esse incômodo diretamente ao presidente Lula, jogou nas costas do Flavio Dino, ministro da Justiça."
Hauly é menos conservador e não tem perfil lacrador como Deltan, diz Sakamoto
Sakamoto opinou sobre Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), que poder assumir a vaga do deputado federal cassado Deltan Dallagnol. Sakamoto lembrou que Hauly foi deputado federal sete vezes pelo Paraná.
Ele não tem o perfil lacrador como o Deltan. O interessante é que — além de ter um perfil mais contemporizador, ou conservador mais tradicional — a entrada do Hauly, em vez da entrada do [pastor] Itamar [Paim], vai fazer com que o PL não cresça uma vaga. O PL tem 99, iria para 100 deputados, já é o maior partido da Câmara, e com isso não aumenta.
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