Bolsonaro vai ao Senado e diz esperar que ministro do TSE mude voto
Um dia antes de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) iniciar o julgamento que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível, o ex-presidente foi hoje ao Senado e disse esperar que o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso na Corte, "mude o seu voto".
O que aconteceu?
Bolsonaro esteve no gabinete do seu filho no Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele foi conversar com outros parlamentares, entre eles, os deputados André Fernandes (PL-CE), Filipe Barros (PL-PR) e Bia Kicis (PL-DF).
Em conversa com jornalistas, Bolsonaro disse que "confia" no julgamento do TSE e que espera uma mudança de Benedito Gonçalves.
Tenho certeza que até o Benedito, ministro do STJ, agora integrante como relator do TSE, vai mudar o seu voto. Senhor Benedito é questão de coerência
Bolsonaro
Como ministro relator, Benedito será o primeiro a votar. Caberá aos demais integrantes do TSE seguir o voto dele ou abrir divergência.
Apesar das declarações de Bolsonaro, o voto de Benedito ainda não foi tornado público. Isso só ocorrerá ao longo do julgamento. Nos bastidores, porém, a expectativa é de que ele vote pela inelegibilidade do ex-presidente.
Bolsonaro compara seu caso com o da chapa Dilma-Temer. O ex-presidente também afirmou que não pode ser "julgado de forma diferente que foi a chapa Dilma-Temer em 2017". Na época, o TSE rejeitou a cassação de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) por suspeitas de caixa dois.
Não pode a jurisprudência mudar de acordo com a cara de quem está sendo julgado, ou de acordo com a ideologia, que eu sou de centro-direita, outros são de centro-esquerda. Não pode mudar de acordo com quem sentar no banco ali, a jurisprudência é outra. Isso não pode acontecer, é péssimo para a democracia se eu for julgado de forma diferente que foi a chapa Dilma-Temer em 2017
Bolsonaro
Naquele ano, a Corte entendeu que não poderia considerar novas provas apresentadas após a ação ter sido protocolada.
No caso de Bolsonaro, entretanto, Benedito Gonçalves deve levar em consideração a minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e não apenas o conteúdo da reunião com embaixadores que originou a ação (leia mais abaixo).
Bolsonaro desconversou ao ser questionado sobre a possibilidade de perder os direitos políticos.
Não sei se vou estar vivo quando virar a esquina aqui, então eu não falo sobre 'se'.
Não pretendo, não gostaria de perder meus direitos políticos. Não sei se vou ser candidato o ano que vem a prefeito, vereador ou se no futuro vou ser senador ou presidente, não sei. Agora para ser candidato eu tenho que manter os meus direitos políticos e isso não é motivo.
Bolsonaro
Entenda o julgamento de Bolsonaro no TSE
Bolsonaro é julgado por uma reunião com embaixadores no ano passado. O ex-presidente é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por usar a TV Brasil, uma emissora pública, para transmitir a reunião em que fez alegações mentirosas sobre o processo eleitoral.
A PGE (Procuradoria Geral-Eleitoral) se manifestou pela inelegibilidade de Bolsonaro e pela absolvição do vice na chapa do ano passado, Braga Netto.
O órgão considerou que as falas de Bolsonaro geraram "graves consequências" para a aceitação das eleições e mostrou-se "evidentemente capaz de afetar a confiança de parcela da população" na legitimidade das urnas. A manifestação da PGE é o último passo da acusação antes de o processo ser levado a julgamento.
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