Defesa de Bolsonaro quer impedir uso de minuta golpista em julgamento
A defesa de Jair Bolsonaro alegará que a minuta de teor golpista encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) não tem relação com o julgamento que pede a inelegibilidade do ex-presidente. O tema será discutido na sustentação oral do advogado e ex-ministro do TSE Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.
O que diz a defesa
A defesa de Bolsonaro alegará que a inclusão de provas não relacionadas ao que é, de fato, investigado na ação cerceou o direito de defesa do ex-presidente, segundo apurou o UOL.
Além disso, os advogados vão alegar que a minuta não é relacionada com a reunião dos embaixadores - tema principal da ação de investigação eleitoral. O encontro foi realizado por Bolsonaro em julho do ano passado para atacar as urnas e o processo eleitoral.
O objetivo da equipe de Bolsonaro é tentar, no último minuto, derrubar a inclusão da minuta no processo e "esvaziar" o processo.
Com a derrota considerada certa, não é descartado eventual recurso ao Supremo Tribunal Federal.
A minuta encontrada na casa de Anderson Torres previa a instauração de um Estado de Defesa no TSE, medida flagrantemente inconstitucional.
PDT vê que minuta golpista e reunião são temas relacionados
Do outro lado, os advogados Walber Agra e Ezikelly Barros devem sustentar no TSE que a minuta faz parte de um contexto maior, que demonstraria ações de teor golpistas conduzidas por Bolsonaro ao longo da campanha.
A ideia é demonstrar que, mesmo sem a minuta, há provas suficientes para comprovar que houve uma ação contra a democracia por parte de Bolsonaro - na reunião com os embaixadores, o ex-presidente atacou integrantes do TSE e tentou desmerecer o sistema eleitoral.
Relator reforçou em relatório inclusão de minuta
Durante a leitura do relatório (uma espécie de resumo do processo), o ministro Benedito Gonçalves reforçou os argumentos que o levaram a incluir a minuta golpista. Para ele, o documento é relacionado ao processo pois há "correlação do discurso com a eleição e ao aspecto quantitativo da gravidade".
Para ele, a proposta de alteração do resultado do pleito 'densifica os argumentos que evidenciam a ocorrência de abuso de poder político tendente promover descrédito a esta Justiça Eleitoral e ao processo eleitoral'".
Constata-se, assim, a inequívoca correlação entre os fatos e documentos novos e a demanda estabilizada, uma vez que a iniciativa da parte autora converge com seu ônus de convencer que, na linha da narrativa apresentada na petição inicial, a reunião realizada com os embaixadores deve ser analisada como elemento da campanha eleitoral de 2022, dotado de gravidade suficiente para afetar a normalidade e a legitimidade das eleições e, assim, configurar abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação."
Benedito Gonçalves, ministro do TSE
Julgamento será longo
A sessão de hoje contará com a leitura do relatório, uma espécie de resumo do caso, as sustentações orais da defesa de Bolsonaro e do PDT, a fala do Ministério Público Eleitoral e, só então, o voto de Benedito Gonçalves.
Benedito Gonçalves afirmou que fará a leitura do relatório, mas que tentará ser breve para agilizar o julgamento.
Com tanta manifestação, é esperado que a sessão continue na próxima semana. O TSE reservou a próxima terça (27) e quinta-feira (29) para continuar o julgamento e não descarta convocar uma sessão extraordinária na quarta (28). O objetivo é concluir a discussão antes do recesso, que começa em 1º de julho.
O voto de Benedito Gonçalves tem mais de 400 páginas e pode consumir parte considerável do julgamento.
Há a expectativa de um ministro mais alinhado a Bolsonaro peça vista (mais tempo de análise) e suspenda o julgamento. As apostas estão em Nunes Marques e Raul Araújo, que proferiram decisões benéficas ao ex-presidente no passado.
Se isso ocorrer, porém, a suspensão será temporária. As novas regras do TSE definem que o processo deve ser devolvido em até 60 dias, caso contrário, será levado à pauta de julgamentos automaticamente.
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