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Bolsonaro chega à PF para depor sobre suposta trama golpista de Do Val

21.jun.23 - O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro ao deixar o Senado Imagem: Mateus Bonomi/AGIF - Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

12/07/2023 04h00Atualizada em 12/07/2023 14h00

Jair Bolsonaro (PL) chegou por volta das 13h30 à Polícia Federal para prestar seu quarto depoimento desde que deixou a Presidência. O inquérito da vez é sobre o suposto envolvimento do ex-presidente em uma conspiração golpista com o senador licenciado Marcos do Val (Podemos-ES) e o então deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

O que a PF quer saber de Bolsonaro

Bolsonaro será questionado se participou da trama golpista revelada por do Val contra a eleição de Lula (PT). Na madrugada de 2 de fevereiro, o senador fez uma transmissão nas redes sociais relatando uma suposta coação do ex-presidente e de Silveira para que ajudasse na conspiração antidemocrática arquitetada em dezembro.

O ex-presidente terá de responder se realmente teve contato com o assunto por meio do senador. E se ambos conversavam sobre o tema, segundo apurou o UOL junto a integrantes da PF. Bolsonaro teria participado, ou ao menos sabia da intenção do plano, conforme os primeiros relatos do parlamentar do Podemos.

Bolsonaro também terá de explicar à PF qual é a sua relação com Do Val. Essa será a primeira oitiva do ex-presidente sobre a história. Marcos Do Val já é investigado por essa trama golpista com o ex-deputado preso Daniel Silveira. O depoimento estava marcado para as 14h.

A defesa não tem "qualquer preocupação" com as perguntas que serão feitas. A declaração foi dada ontem pelo advogado de Bolsonaro, Ricardo Bueno, no Congresso Nacional.

O presidente sempre esteve completamente à disposição a todas as convocações. E continuará à disposição, sempre que for convocado.
Ricardo Amador Bueno, advogado de Bolsonaro

Qual era o plano golpista

Gravar escondido o ministro do STF Alexandre de Moraes e usar o conteúdo para questionar as eleições. Esse era o plano golpista, segundo a primeira versão divulgada por Marcos do Val nas redes sociais. O senador seria a pessoa a se aproximar de Moraes.

O objetivo era captar algo comprometedor para prender o ministro do STF e impedir a posse de Lula, segundo troca de mensagens entre do Val e Silveira divulgadas pela revista Veja em fevereiro. Naquele mesmo dia, o ex-deputado foi preso por descumprir medida cautelar, em mandado expedido por Moraes.

Bolsonaro teria convocado do Val para uma conversa. Por telefone, o ex-presidente pediu para o senador "dar um pulinho" em sua residência oficial, e o encontro ficou acertado para 9 de dezembro. Coube a Silveira abordar Do Val no Congresso, e ele teria dito que Bolsonaro tinha um assunto importante e urgente para falar com o senador, segundo Veja.

O senador, no entanto, mudou a versão da história em outras ocasiões. Horas após a live nas redes sociais, ao ser questionado pela Folha de S.Paulo, o senador recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro "só ouviu" o plano de Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.

Encontro com Bolsonaro e Silveira aconteceu, disse Do Val. Ele contou ao jornal que se encontrou com os dois porque recebeu uma ligação do próprio então presidente da República. O político também disse que as versões diferentes foram táticas de "persuasão" e que a verdade foi dita à PF.

Marcos Do Val foi alvo de mandados de busca e apreensão no dia do seu aniversário. A operação da PF foi autorizada por Moraes, e os policiais fizeram, em 16 de junho, buscas em três endereços: no gabinete do senador e nas casas dele, em Brasília e em Vitória. Na ocasião, o parlamentar chamou Moraes de "imperador" e afirmou que o ministro fez "movimentos claros da invasão de poderes e quebra da Constituição", em entrevista à Band News.

Os depoimentos de Bolsonaro na PF

Este será o quarto depoimento do ex-presidente à PF neste ano. Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro já foi intimado a depor sobre os atentados de 8 de janeiro, o caso das joias da Arábia Saudita e as fraudes no cartão de vacinação dele e de familiares.

Caso das joias: em 5 de abril, o ex-presidente prestou o primeiro depoimento e precisou dar explicações a respeito das joias recebidas de presente do governo da Arábia Saudita e não-declaradas. Ele falou por três horas e disse que soube da existência das joias mais de um ano depois da entrada delas no Brasil.

Os atos golpistas de 8 de janeiro: no dia 26 de abril, Bolsonaro precisou responder perguntas sobre as invasões e ataques às sedes dos Três Poderes. Ele foi vinculado a parte do inquérito que apura os mentores intelectuais da invasão.

Fraude em cartão de vacina: o depoimento mais recente foi em 16 de maio, quando Bolsonaro respondeu questões a respeito da falsificação do cartão de vacinação.

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