Do Val diz usar 'persuasão' com mídia e leva invertida de Natuza e Gabeira
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) foi questionado hoje pela jornalista Natuza Nery e afirmou que não mentiu em seu depoimento à Polícia Federal. O político também disse que as versões diferentes são táticas de "persuasão". Declaração foi dada hoje em entrevista à GloboNews.
O que aconteceu:
Do Val garantiu que deu apenas uma versão sobre reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o ex-deputado Daniel Silveira, na qual teria sido discutido um plano de golpe. "A versão dada à PF é verdadeira e com detalhes, inclusive da roupa que todo mundo estava usando", declarou. Desde que afirmou ter sido coagido a tentar incriminar Alexandre de Moraes, o parlamentar mudou de versão várias vezes.
A jornalista Natuza Nery reforçou o questionamento e lembrou da versão do senador antes do depoimento à PF. "Quando o senhor fica de frente para um policial, o senhor muda a versão e protege Bolsonaro. Mas eu queria saber o que aconteceu com a primeira versão, o senhor mentiu, o senhor se esqueceu, teve um apagão de memória ou o senhor deu deliberadamente versões diferentes para confundir? O que aconteceu senador? Porque a primeira fala não combina com as outras, aliás elas não combinas entre si", afirmou Natuza.
Do Val negou que tenha mentido e afirmou que usou uma "estratégia de persuasão" em declaração feita à imprensa. "Não era oficial", esclareceu do Val. "Acho que está tendo uma confusão. O que eu utilizei é chamado de persuasão, desde a Segunda Guerra Mundial é usado isso para você ter um engajamento da imprensa para mandar algumas mensagens que eu precisava mandar, que era para os ministros, que eu já tinha acesso ao documento e já sabia quem seriam os culpados", disse o senador.
Natuza continua e pergunta novamente se o senador teria mentido. "Não entendi nada, senador. O que persuasão tem a ver com isso? Eu fiz uma pergunta objetiva. O senhor mentiu ou não mentiu? O senhor não precisa me ensinar o que é persuasão, até porque eu entendo bem o que é persuasão e entendo bem de mentira, também. O senhor está dizendo que usa a imprensa para mentir. Como é que eu vou acreditar que o senhor está falando a verdade agora?"
O jornalista Fernando Gabeira, que também participava da entrevista com o senador, afirma sentir um certo "constrangimento" em fazer perguntas a do Val depois que ele confessou que usa a "imprensa com uma tática de persuasão para mandar mensagens". "Eu, com mais de meio século de jornalismo, não sou garoto de recado. Não posso participar de uma entrevista com quem tem essa visão da imprensa", declarou o profissional.
Sobre a operação da PF hoje, o senador disse que se trata de uma "tentativa muito clara" de intimidá-lo. Ele também afirmou que o ministro Alexandre de Moraes deve ter se sentido "afrontado" por ter sido convocado para CPMI dos ataques do 8 de janeiro por ele."Foi um presente de aniversário meio indigesto. O ministro Alexandre de Moraes, quando convoquei ele pra participar da CPMI, com certeza se sentiu afrontado."
Quando ele me incluiu lá atrás no relatório com o argumento de que eu dei várias versões, mas eu dei apenas uma versão na Polícia Federal e disse para todos. A versão dos fatos e a verdade absoluta está no depoimento que eu dei naquela época em fevereiro."
Senador Marcos do Val, em entrevista à GloboNews.
Busca e apreensão da PF
A Polícia Federal cumpriu hoje mandados de busca e apreensão em todos os endereços de Marcos do Val no Espírito Santos e em Brasília, inclusive em seu gabinete funcional, no dia do aniversário do senador.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Moraes também determinou que o senador se abstenha de publicar e promover notícias falsas e ataques as instituições. No entanto, o magistrado negou um pedido de prisão da PF e pediu que o parlamentar fosse ouvido.
Os policiais fazem buscas em três endereços: no gabinete do senador e nas casas dele, em Brasília e em Vitória. O Twitter, Instagram e Facebook do parlamentar foram retirados do ar e agora aparece a mensagem de "Conta Retida por determinação legal".
Marcos Do Val chamou Moraes de "imperador" e afirmou que o ministro fez "movimentos claros da invasão de poderes e quebra da Constituição", em entrevista à Band News. Aos colegas de Senado, o senador disse que "todos estão expostos" e "sendo monitorados".
Apenas documentos foram coletados do gabinete funcional do parlamentar, segundo apurou o UOL. Já na residência do senador, segundo a Globonews, celular e computadores foram apreendidos.
O UOL apurou que Do Val é investigado por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta de governo legalmente constituído, associação criminosa e divulgação irregular de informações confidenciais.
A assessoria do Podemos ao UOL que não vai comentar a operação. O processo está em sigilo no STF.
A operação em Brasília foi acompanhada pela Polícia e a Advocacia do Senado, a pedido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que foi avisado da operação pelo próprio Moraes em telefonema. Do Val foi avisado das buscas por volta das 15h, assim que agentes da Polícia Federal chegaram ao Senado.
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